terça-feira, 22 de setembro de 2015


COMUNICADO DE REACALL

A Vida, respeitosamente, convoca os (as) proprietários (as) dos portadores da marca Humana, equipados com STAE - Sistema de Transmissão  Automática de Emoções.
ANO – Todos em circulação, independente do ano de fabricação.
Medidas corretivas: Comparecimento imediato diante do Fabricante para a atualização gratuita do software da Unidade de Controle Emocional.
Defeito apresentado: Falha na operação da programação do software possibilitando o rompimento do eixo sócio-familiar.
Riscos e implicações: Perda dos laços afetivos e falta de amor e respeito ao próximo. Esta situação, mesmo que remota, poderá causar danos sentimentais irreversíveis aos proprietários e/ou a terceiros.
         Local de atendimento: O Fabricante aceita conversar sobre os possíveis danos, e seu garantido  reparo, na sala de visita de seu coração. Neste exato momento Ele está à porta solicitando sua autorização para entrar. (Apocalipse 3:20).
      Agendamento: Confirme sua necessidade de reprogramação de software. É gratuito, mas depende única e exclusivamente de seu consentimento para a efetuação desse reparo. 
                      

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O VASO CHINÊS

Nas memórias de Jan Karski (Estado Secreto, Editora, Objetiva, p.252), ativista da Resistência Polonesa, movimento que atuou durante a ocupação nazista naquele território durante a segunda guerra mundial, pode ser acompanhado com mais detalhes sobre este fato que passo a narrar.         

Laskowa, uma mulher membro da organização, quando teve que fugir de sua residência, deixou o filho de cinco anos aos cuidados de sua empregada com uma  recomendação que dizia mais ou menos assim: Um vaso chinês deveria ser colocado no parapeito da janela de tal forma que pudesse ser visto da rua. Todos os dias isso deveria se repetir às oito da manhã e depois de quatro em quatro horas. Se nada de importante estivesse acontecendo, cinco minutos depois o vaso deveria ser retirado. Se o vaso permanecesse sem ser retirado era o sinal de que a Gestapo havia aparecido naquela casa o que indicava perigo. Algum tempo depois, entre prisões e mortes de militantes, Laskowa conseguiu retornar para sua casa e continuar cuidando de seu filho.                      

Deus não coloca um vaso chinês em nossa janela para advertirmos do perigo que nos ronda em nossa vida diária. Porém, mais que um vaso chinês, nós temos o aviso do seu Santo Espírito nos alertando a cada sinal de que algo não vai bem. Aquilo que chamamos de “alguma coisa no ar me diz que isso não vai dar certo”, na verdade, é o Vaso Chinês da nossa trajetória. É  a Santa Palavra que nos acompanha conforme Isaías 30:21:  “E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda”.

Tem gente que acredita em tudo nessa vida, menos nessas palavras. Que pena, pois, muitos tem se livrado de verdadeiras catástrofes em suas vidas e, seguiram virando suas páginas, libertos de muitas emboscadas por ter dado ouvido a elas. Mas vamos em frente!


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

VOCÊ NÃO PRECISA TER UM MILHÃO DE AMIGOS



Era o dia de conhecermos nosso novo chefe. Em seu discurso de apresentação ele enfatizou algo que eu já vinha ouvindo em diversas ocasiões, sempre provindo dos lábios de pessoas em situação ligada a algum tipo de poder, por maior ou menor importância que fosse: “Eu não preciso de amigos. Os que eu tenho já são suficientes e posso contá-los nos dedos de uma só mão”. Nunca vi uma frase mais boba. E tem gente que ama dizer isso! Na época eu era bem mais velha que ele. Com o tempo a gente percebe que as diferenças diminuem e ficamos quase que na mesma faixa etária.                         
Mas vamos ao que interessa para a nossa reflexão no momento. Anos depois eu o reencontrei. Dessa vez minha situação já estava equiparada a dele. Entre subidas e decidas dentro do ambiente organizacional em que ele vive confessou-me: “Já tive muitos amigos”. (Sic). Quem me conhece de perto sabe que eu não sou muito de perder a chance, e então lhe perguntei: “Mas uma mão não tem só cinco dedos?”                          
 Seu semblante já não é o mesmo. Não sei onde foi parar aquela pessoa que eu conheci dizendo não precisar de amigos. Pelo menos, não de muitos, como ele mesmo dizia.                                                                                                                                            
Há vários registros bíblicos sobre esse fenômeno de ter amigos, sejam eles poucos ou muitos. Em Salmos 14:20 encontramos a assertiva de que “os ricos tem muitos amigos” e, em Provérbios 18:24, que “há amigos mais chegado que irmãos.”  Infelizmente!                                                                                                                                                
Bem, independente da quantidade, é certo que nós não precisamos ter um milhão de amigos para nos sentirmos amados e felizes. Podemos virar maravilhosamente nossas páginas com alguns números a menos. É claro. Mas que não seja pela imprudência de nos acharmos independentes dos seres a nossa volta a ponto de pensar, e falar, bobagens tais aquelas ditas por aquele vivente que lhes apresentei no início deste diálogo. Eu lhe garanto que a vida se encarregou de provar-lhe que as coisas aqui nesse mundo não é como ele imaginava naqueles tempos. Talvez algum dia ele tenha pensado que veio de outro planeta. Mas uma coisa eu lhe garanto: Quando a vida se encarregou de lhe ensinar que ele faz parte deste “processo” ao qual deram o nome de Terra, ele mudou, e muito!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

OS INIMIGOS DO TRABALHO E DAS BOAS VIRADAS DE PÁGINAS

Eles podem estar em qualquer lugar onde se forma uma equipe para o desempenho de tarefas. Estão em qualquer estrutura organizacional e não importa a magnitude do projeto. Quem são?

Brucutu – Não respeita ninguém! Usa a agressão para resolver suas questões. Sua célebre frase “A verdade tem que ser dita doa em quem doer” é sua desculpa para desrespeitar os que estão ao seu redor e sair por aí passando por cima de tudo e de todos. Mas não se enganem: geralmente o Brucutu é um leão entre os cordeiros... mas um cordeiro entre os leões.

Kid Tocaia – Gosta de deixar seus colegas em situação constrangedora. Com a desculpa da “franqueza” ele está sempre os envolvendo em cenas embaraçosas. Suas desculpas: eu não tive outro jeito; eu não sei mentir. Quem creu em sua “pregação”.

007 em “O Amanhã Nunca Morre” Demora um século para tomar decisões. Se as pendências da agenda necessitarem dele para uma solução pode ir tratando de tomar suas providências ou então, com certeza, prazos não serão cumpridos.

Senhor Enigma – Cozinha você em banho-maria. Você nunca sabe o que vem de lá. Pode ser um pássaro; pode ser um avião... Quando ele responde com um “não sei” ou “ainda estou pensando”, não se iluda, ele já está com tudo arquitetado. Não espere para ver. Tente se antecipara a ele ou, então, espere pela surpresa...

Frente Fria Em uma reunião, quando todos já aprovaram seu projeto ele retrocede e entra com um “porém”. Baseado não se sabe em que, nem onde, ele consegue esfriar até o mais entusiasta do grupo. Fique atento senão todos os seus esforços irão por água abaixo. Mesmo porque o que o Frente Fria menos quer é desprender esforço. Onde ele vê trabalho nada está bom. Sua frase predileta é digna de alguns “videntes”: “Isso não vai dar certo, eu já estou até vendo!”

Político – Tem grande eloquência e rara destreza para manipular os que estão ao seu redor. Só enxerga através de luneta. Por que? Porque está sempre de olho no que está lá adiante.                                     

Gênio da Lâmpada – Não mexa com ele! Deixe-o quieto em seu canto! E se ele escapar da garrafa nem se anime pensando que vai receber três favores. Na verdade não espere por nenhum porque se ele escapar de lá não será para atendê-lo em suas necessidades, e sim as dele!

Cebola – Dependendo da safra de problemas que estiver enfrentando só vai aparecer se for para fazer os outros chorar.


Bobo Esperto – Chega; conta piada, com ou sem graça; finge-se de “bobo da corte”; enrola a todos e vai embora... sem fazer nada!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

CADEIRAS CONTINUAM SENDO O GRANDE PROBLEMA DA HUMANIDADE  

           

No jornal A Tarde de 13 de setembro de 2015, página A2, os jornalistas responsáveis pela coluna contaram que na posse da diretoria da Caixa Econômica Federal, ocorrida recentemente em Salvador, um líder sindical tentou sentar em certa cadeira no que foi advertido de que aquele lugar era só para assessor de ministro. Isso porque, segundo o que foi alegado, quando o ministro chegasse seu assessor lhe cederia o lugar.                                                                                                                      

O ex-capelão do Senado norte americano, Barry C. Black, conta em suas memórias, Sonho Impossível, página 177, editado pela Casa Publicadora Brasileira, que certo dia, quando ainda na ativa como contra-almirante da Marinha, ao ir com a esposa assistir a um evento importante embora não houvesse mais “nenhum assento vazio” foi conduzido até ao lugar em que havia um comandante reformado da Guarda Costeira, um almirante de quatro estrelas. Então, mesmo com uma posição hierárquica duas estrelas acima de Barry, o almirante foi “convidado” a ceder-lhe o lugar. Barry disse que se sentiu constrangido, mas que aquilo o ajudou a se preparar para o que lhe aconteceria quando atingisse aquele nível, conforme foi advertido pelo próprio oficial da reserva.                  

Na Bíblia, no livro de João 20:20, vemos a mãe de Tiago e João em uma audiência com Jesus pedindo-lhe os dois melhores lugares em seu reino para seus dois filhos. Ela queria as duas cadeiras laterais ao centro do trono para eles. Ela não pensava, claro, em um reinado celeste. Em seu parco entendimento esperava por um reinado aqui mesmo na terra.                                                                                                                

Em uma empresa pública, durante cinco anos, toda a disputa de um dado setor girava em torno de uma cadeira cobiçada por um pleiteante que nem a conseguia e ainda trabalhava nos bastidores contra quem ousasse aceitar o cargo em seu lugar. Os poucos servidores que conseguiam rir da situação quando passavam pelo “trono” ironizavam: “É, cadeira, todo o problema daqui é você”!                                                                  

Pois é! Hoje, como ontem, cadeiras continuam sendo o grande problema da humanidade. E ai de quem se coloca no raio de visão de seus adoradores. Melhor evitá-los. A não ser que você seja daquelas pessoas que tem paixão pelo desafio; gosta, e muito, do mundo causticante da competitividade; quer virar páginas com letras “encharcadas” de adrenalina. Se esse é o seu caso, vá fundo. Mas antes contrate um bom cardiologista. Um advogado, em alguns casos, também será bem vindo...



domingo, 13 de setembro de 2015

PARA NÃO PERDER A VIAGEM

            Conclamado como o grande vencedor da campanha da Itália em 1796, o jovem general, Napoleão Bonaparte, precisava de algo para continuar em evidência após dois anos daquela façanha. A despeito dos custos da expedição, o general conseguiu que o Diretório francês financiasse um audacioso projeto: invadir o Egito, então dominada pelos turcos, e torná-la uma preciosa colônia francesa. Assim, com um exército de 40 mil homens montado em apenas três meses, além de um corpo de cientistas ávidos por esquadrinhar os mistérios da cultura egípcia, Napoleão chegou às pirâmides de Gizé a 21 de julho desse ano de onde soltou sua tão célebre frase: “Soldados, do topo destas pirâmides 40 séculos de história vos contemplam!”                                                
                                                                           
Napoleão, claro, não sabia, mas, além da aula de história antiga, ele estava preconizando o que cento e cinquenta  anos depois seria conhecido como semiologia. ou o estudo dos signos (nada a ver com o horóscopo). Seus soldados também, claro, não devem ter aprendido muito sobre o significado das imagens de todas as coisas          ao seu redor de forma científica. Tanto que, mais tarde, animado  em querer deixar gravado para seus soldados atos representativos da cultura local, resolveu aparecer diante deles vestido à moda oriental trajando turbante e roupão. Desistiu logo no primeiro dia dado aos episódios de risos de seus comandados. Não foi à toa que aquela expedição de cientistas franceses seguiu junto com seu exército. Historicamente sabe-se que aquela empreitada militar, entre vitórias e derrotas, voltou para a França sem grandes feitos, mas, do ponto de vista científico, foi, a partir dali, que a Europa conheceu e decifrou  os hieróglifos dando início à ciência da egiptologia  com todos os seus signos e símbolos, um verdadeiro legado do iluminismo. Preveniu-se para não perder a viagem. Certa vez ele disse que podia até perder uma batalha, mas nunca minutos em vão.                                

Nós também estamos envolvidos em um projeto de sobrevivência denominado por muitos de “viagem”. E para que não tenhamos a desagradável sensação de que seu  roteiro não foi trilhado em  vão é preciso muito cuidado.                                               

Alguma coisa boa tem que resultar dessa nossa experiência na terra. É duro chegarmos a um determinado trecho de nossa trajetória e constatarmos que, em alguma virada de página, um tempo precioso foi desperdiçado e cabe naquela ingrata frase chamada por muitos de “anos perdidos de minha vida.”       Não vamos perder nossa viagem...




quinta-feira, 10 de setembro de 2015

ONDE ERRAMOS NA VITÓRIA QUE NÃO VEIO?  

            Eu vi as lágrimas que não caiam, mas brilhavam denunciando-as através do olhar perdido e inconformado do candidato. Segundo as pesquisas ele já estava eleito. “Onde foi que erramos”? Essa era a pergunta que todos os envolvidos naquela campanha eleitoral se faziam. E agora, onde estava a resposta? Onde estarão as respostas para todas as perguntas que teimam em não calar quando a vitória não vem? Ninguém entra num certame desse tipo sem que tenha, mesmo que bem escondidinho lá no fundo da alma, a esperança de que possa surgir um milagre que possa elegê-lo. Também fora das campanhas existem milhares e milhares de pessoas que neste momento podem estar se questionando por uma vitória tida como certa, que não veio. É desconcertante. Mas a vida tem que seguir em frente.                                                                      

E foi assim com o exército de Israel quando se viu coberto de glória por sucessivas vitórias. Descuidou-se de seguir as ordens divinas e depois da estrondosa vitória sobre Jericó partiu para cima de Ai. Só que desta vez a vitória deu-lhe as costas. E Israel fez a mesma pergunta lá de cima: “onde foi que erramos”?


            Erramos em não reconhecermos que a vitória e a derrota andam de mãos dadas e que há apenas uma linha tênue que as separam. Assim como acontece entre a vida e a morte; a lucidez e a loucura. Erramos em não reconhecermos o que já foi dito sobre vitórias que não são vitórias e derrotas que não derrotas. É fácil de explicar, mas difícil de entender... Quanto mais de aceitar.                                                                         

É difícil para um ser humano olhar para o espelho e ver que o tempo está impondo derrotas sobre seu corpo.  Mas vemos a vitória na colheita dos frutos dos anos, quando sabiamente vividos. E aí há um belo exemplo de derrotas que não são derrotas. Se não caminharmos por essa ponte a vida fica sem sentido e perde completamente a lógica. A vida fora do criacionismo não tem lógica. É composta só por teorias por onde fortes e fracos se autosselecionam e se autodestroem sem perspectiva de mais nada.           Eu vi as lágrimas nos olhos do “derrotado”. Porém, neste tempo em que escrevo este texto tenho visto aquele personagem sorridente em seu mais novo cargo. Cheio de planos e declarações aos meios de comunicação. Já refeito do choque vive uma nova e boa fase. A vida é assim. É só esperar para ver as cenas do próximo capítulo. E seguir virando a página.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

QUEM SÃO OS AZARADOS?

            “Há um mês eu sentia que estava em boas condições de saúde. Robusto até os 81 anos eu ainda ando uma milha por dia. Mas a minha sorte acabou. Há algumas semanas descobri que tenho diversas metástases no fígado. Nove anos atrás encontraram um tumor raro no eu olho, um melanoma ocular. Apesar da radiação e, dos lasers que o removeram, perdi a visão deste olho. Apenas em casos raríssimos este tipo de câncer geram metástases. Faço parte dos 2% azarados! Eu me sinto intensamente vivo e quero, e espero, nesse tempo que me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus àqueles que amo, escrever mais, viajar, se eu tiver tempo. Não posso fingir que eu não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Amei e fui amado; recebi muito e dei algo em troca”. Esta declaração foi do médico anglo-americano Oliver Sacks, em entrevista, transcrito por Ivan Martins, e pode ser encontrada na revista Época de 23 de fevereiro de 2015, número 872, nas páginas 10 e 11.                                           

Chamo a atenção para a essência de sua declaração. “Faço parte dos 2% dos azarados”. Mas reflitam que depois ele descreve um bom número de coisas boas que lhe aconteceram nas mais de oito décadas de sua passagem pelo planeta Terra. Nota-se que suas viradas de páginas foram, por assim dizer, fenomenais. Amigos, amores, reconhecimento de seu público e leitores. Sim, ele ficou consagrado como escritor em sua área. Como renomado professor de neurologia  e psiquiatria na Universidade de Columbia obteve um título denominado "Artista Columbia". Passou muitos anos na faculdade de clínica da Faculdade de Medicina Albert Einstein na Universidade de Yeshiva e, em 2012, foi nomeado professor de neurologia clínica em um importante centro médico de Nova York. Também foi professor visitante na Universidade de Warwick, no Reino Unido. Então, voltamos para o título desta nossa reflexão: Quem são os azarados?                                                                                                                    

Temos a inclinação de sempre achar que coisas desagradáveis só acontecem com os outros. O personagem desta história, falecido em 30 de agosto de 2015 aos 82 anos, em um momento disse que até então tivera “sorte”...  Isso nos leva a refletir sobre aquela advertência de Cristo: “No mundo tereis aflições” (João 16:33). Também lembramos de Jó 2:10 onde ele admite ser doidice querer viver recebendo da Vida só coisa boa. Assim pensando  temos a certeza que o mesmo Jesus que nos conforta com sua vitória sobre o mundo nos dá a certeza que ao final de sua História, em um outro que está sendo preparado para nós, tudo dará certo.  E acredite, todos que não tem essa esperança tem virado suas páginas morrendo de inveja de quem tem es

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

SAUDADE, “OBJETO” NÃO IDENTIFICADO

O poeta José Carlos Paes escreveu em suas memórias que as cidades estão no tempo e no espaço. Com estas palavras explicou a sensação que teve no dia em que, após longo tempo, voltou à sua terra natal e não conseguiu entender a frieza que tomou conta de sua alma. Toda sua vida com tudo o que ele havia vivido ali em sua infância desmanchou-se em um vazio que nem as mais doces recordações conseguiram preencher. Entendi perfeitamente o que ele descreveu porque eu havia passado pela mesma experiência em 1979. Assim como aquele poeta, fiquei anos e anos sonhando e imaginando os sentimentos que invadiriam o meu coração no dia em que eu retornasse ao local onde nasci e vivi até os sete anos.                                                                                    
“Se algum dia à minha terra eu voltar quero encontrar as mesmas coisas que deixei. Quando o trem parar na estação eu sentirei no coração a alegria de voltar”. Esse trecho de uma canção, na infância, fazia meu coração vibrar. Seu título é “Os verdes campos da minha terra”.  No entanto, quando esse dia chegou para mim, ao descer na estação, dezesseis anos depois de ter embarcado ali em um trem para vir embora definitivamente para Salvador, embora eu não soubesse que assim o seria, foram outros os sentimentos que me aguardavam. Apesar de encontrar “quase” as mesmas coisas que deixei e, de conseguir visualizar algum verde no alto das planícies (hoje substituído por moradias), em meu coração havia um misto de emoções indecifráveis. Consegui alguns antigos contatos e fui realizá-los só para ter a infeliz certeza de que eu passei dezesseis anos mentalmente lá, mas eu não estava mais lá.  Tive que enfrentar o óbvio: os meus contatos haviam se evanescido no ar. Na minha ausência foram desfeitos todos os momentos que agora jaziam no terreno do esquecimento. Meus sorrisos não eram retornados. Algumas amigas de infância, embora eu as reconhecesse, me olhavam como se eu fosse um pássaro que teimava em voltar para um ninho que já não existia. Uma delas, então trabalhando em uma ótica, se me reconheceu, não deu sinal que me fizesse entender que isto acontecera. No máximo, fui reconhecida por uma pessoa já idosa que veio com um misto de preconceito regional, pois foi logo categorizando: “nossa, mas ela já está até de sotaque!” E eles queriam o que? Olha, peguei meu trem de volta assim que constatei que ali eu não passava de um objeto não identificado, assim como também seria a minha saudade a partir daquele instante.                                                      

Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade onde havia sido criado, poucos se importaram com sua presença. Infância e juventude passara naquela localidade, mesmo assim, não pôde fazer muitos milagres ali  por causa da incredulidade do povo. Mas há o registro Bíblico: “veio para o que era seu, e os seus não o receberam. João 1:11.                       


Bem, da minha primeira visita a Morro Agudo eu confirmei a grande predição do poeta e acrescentei algo  mais. Não só as cidades, mas os bairros e as  moradas ficam no tempo e no espaço.  É o que fica de todo o nosso passado.  A própria vida se encarrega disso na grande  produção da nossa História. São várias caminhadas que, também, por vezes, vão ficando no tempo e no espaço. E assim nós vamos virando nossas páginas sendo de lá, sem ser de lá.
BERÇO DE OURO, BERÇO DE TOLO


Não li com atenção o convite para um evento e fui equivocadamente para outro endereço. Então resolvi aproveitar para dar atenção a uma colega de profissão que eu só encontrava na correria e nunca parávamos para conversar. Diálogo de idoso: “Não aposentou ainda?” Depois de minha explicação chegou a vez dela. “Sabe colega, eu poderia estar muito bem. Mas quando me formei há mais de três décadas atrás, como você, eu caí no Polo. Naquela época trabalhar no Polo Petroquímico de Camaçari era o sonho da maioria dos profissionais de todas as áreas.  Só que minhas preocupações eram boas roupas, boas bolsas e bons sapatos”. Depois de alguns suspiros, veio o complemento recorrente em minhas reflexões. Sim, porque é algo que ao mesmo tempo em que me inquieta também me consola quando tenho recaídas em relação a sofrimentos do passado. Ela completou: “Como meu pai era muito bem empregado e não me deixava faltar nada quando comecei a trabalhar eu não ligava para o futuro. Como minha mãe já tinha ido antes dele e eu era filha única e solteira acreditei que teria uma boa pensão. Mas veio uma lei que me tirou essa vantagem e hoje luto para sobreviver com esse salário que ganho”.

Um antigo empresário baiano deu uma entrevista uma vez sobre isso e eu até já comentei em outro texto. Não canso de relembrar como ele lamentava ver os filhos de pessoas eminentes que não tinham levado adiante o legado empresarial deixado pelos pais. Também me lembro de uma colega que tive na juventude que ao ser questionada por não investir na carreira desdenhava da própria profissão e dizia que não precisava se preocupar com essas coisas porque tinha nascido em “berço de ouro”. Com o tempo viu-se que para muitos desses, o tão aclamado “berço de ouro”, tinha se transformado na verdade em “berço de tolo”. Quantos não se afogaram no “ouro” desses berços para muito tarde caírem na realidade? Porém, ao contrário disso, muitos do que não tinham esse legado temporário para confiar trataram de tecer os fios do futuro trilhando seus próprios caminhos na certeza de que não tinham por quem esperar.                                  

Jesus não confiou na sua Paternidade e ficou simplesmente de braços cruzados  para que sua missão se cumprisse por si mesma. Certa vez disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu também...”. Portanto, se você foi agraciado com a benção de ter provindo de um berço de ouro, claro que não há nenhum mal nisso. Só não desperdice a oportunidade de ter entrado na vida já com a estrada asfaltada deixando que seu berço de ouro se transforme em berço de tolo. Deus que te dê sabedoria para saber conduzir bem este privilégio a mais para saber virar bem suas páginas!




quinta-feira, 3 de setembro de 2015

QUEM VAI ME AJUDAR A FAZER MINHA MAQUETE?

Aos oito anos, na terceira série, a aluna tinha uma tarefa de casa bem complexa para realizar. A maquete que a professora exigia que fosse confeccionada com toda perfeição parecia algo tão difícil quanto os doze trabalhos de Hércules. Na rádio Novo Tempo, dia 31 de agosto de 2015, uma psicóloga explicava que hoje algumas escolas passam tarefas com, por vezes, enunciados tão complicados que as crianças sem apoio de um adulto não conseguirá jamais realizar. Isso me levou a refletir sobre as muitas tarefas que nos são impostas em nosso dia a dia nas várias frentes de responsabilidades que a vida nos oferece. E assim concluo que também temos uma grande maquete para confeccionar e, com a máxima perfeição, se quisermos que tudo dê certo: VIDA! Quem nos ajudará a fazer esta maquete?  E quem está preparado para, depois da maquete pronta, seguir corretamente cada traçado, cada relevo, cada detalhe, o mínimo que seja, para que o projeto se realize integralmente sem nenhum desvio daquilo que foi projetado? Hoje não conseguimos abrir um periódico (revistas, jornais) que não nos leve a algum tipo de serviço que ofereça mais saúde ou mais qualidade de vida. Sempre com foco no que a humanidade mais anseia:driblar as doenças, descobrir o segredo da eterna juventude ou, no mínimo, envelhecimento saudável. Esse último está mais inserido na realidade de uma boa maquete de vida. A notícia boa é que existe Alguém que pode nos ajudar a fazer esta maquete!                                                                                                           
Quando tive um cisto na laringe fui aconselhada por minha “otorrino” a fazer só atividades prazerosas. Que maquete boa! Quem vai me ajudar a fazer esta maquete?               

Vários especialistas, cada um a sua maneira, e de acordo com sua especialidade, me dizem que preciso dormir mais; fazer exercícios aeróbicos; ter um hobbie; fazer exames regulares para detecção precoce de doenças; ter religiosidade; não comer isso; comer aquilo. Então, como o jovem rico eu diria: “mas tudo isso eu já venho fazendo!” Outro dia eu lia sobre a vida de um empresário brasileiro bem sucedido também conhecido por seu extremado cuidado com a saúde. Exercícios físicos e alimentação saudável são seus motes. Nem por isso ele pode evitar uma alteração em seu organismo que o levou a ter que eliminar alguns centímetros de seu intestino. Olha, fica cada dia mais a certeza: só o Dono da máquina é que  sabe cuidar melhor dela. Só quem fabricou o relógio é que conhece melhor seu funcionamento. Então, só a Ele vou pedir ajuda para fazer, e cuidar, desta maquete para que eu possa virar melhor, já nem digo essa página, mas  esse capítulo mesmo!