terça-feira, 29 de novembro de 2016


A PRIMEIRA NOITE DEPOIS DA DERROTA

Fui convidada para uma reunião de coordenadores de setor. Seria a primeira depois da posse da nova direção. Com o relatório de atividades desempenhadas durante minha gestão mais um projeto de modernização, ambos exigidos para o evento, compareci com a melhor das minhas intenções. Cheguei e aguardei pacientemente os demais participantes. Um a um chegava e me olhava tranquilamente como se fosse uma reunião de costume. Dissimuladamente me cumprimentavam e tomavam seus lugares entre conversas animadas em torno de assuntos corriqueiros.  Quando o representante da nova diretoria chegou, cumprimentou-me cordialmente e, como frieza era o mote de suas manifestações em público, eu nada percebi de anormal. Depois de cenas dignas de uma peça teatral roteirizada para um espetáculo com os mais renomados atores, fui informada de que a partir daquele dia o cargo que eu ocupara até então seria preenchido por outra pessoa. Todos já sabiam. Menos eu.

Dias após esse incidente fui informada que há dias eu já não era mais ocupante do cargo, mas, que não haviam me avisado para que eu não interrompesse o projeto que eu deveria finalizar para aquela reunião. Trabalho que me roubou não poucos dias de tranquilidade. Ao sair, recebi de um companheiro de equipe um conselho: “Colega, vá para casa e durma porque o ruim é só a primeira noite. Depois que você dorme e acorda o primeiro dia, os outros, são mais determinantes para seguir em frente”. Nunca vi algo tão certo. Ele não era nenhum profissional da área do comportamento humano. Mas que experiência de vida! Sábias palavras!          

A última noite que Jesus passou com seus amigos discípulos ressentiu-se de que nenhum conseguira perder sequer um minuto de sono naquela noite de tormenta. Ele não teria nunca mais aqui na terra outro dia, muito menos noite, de sono para recuperar-se. Em seu último momento de agonia clamou ao Pai por companhia. Só Ele poderia entender aquela sua derradeira hora entre os habitantes deste muito abarrotado de traidores e incrédulos. Mas três dias depois de sua aparente derrota, segundo o olhar humano, Ele ressurgiu vitoriosamente em refulgente glória para a amarga surpresa de seus detratores, mas alegria daqueles que o amavam e aguardavam o cumprimento de sua promessa: “Destruam este santuário e em três dias eu o reconstruirei” (João 2:19).

Se você está passando por um momento que se configura com algo que chamam de derrota saiba que quem está aqui entrelaçada junto com essas linhas nesse momento é uma pessoa que saiu com um filho para uma simples cirurgia de fimose e voltou para casa sem ele, ceifado que foi por uma reação a uma anestesia completamente desnecessária; que um dia saiu chefe de um setor por quatro anos e no dia seguinte viu-se em pé no meio dele sem ter nem onde colocar a bolsa ou, sequer, uma mesa para trabalhar; que saiu candidata a um cargo eletivo municipal e que depois de ver inúmeras pessoas declarar a frase “estou fechado(a) com você” , viu, em menos de uma hora depois do encerramento do pleito, números completamente aquém daquilo que muitos lhe vislumbrara.

Mas graças a Deus que nos tem dado em contrapartida milhares de vitórias para agradecer. A cada dia milhões de células nocivas são destruídas pelo nosso sistema imunológico em uma sangrenta batalha entre a vida e a morte sem que nos lembremos ou nos demos conta. E é por tudo isso eu posso lhe clamar com conhecimento de causa: persista no alcance de suas boas metas e, se por qualquer motivo, acontecer algo tenebroso entre o começo e a finalização da vitória, que venha a noite. Passará a primeira, depois a segunda, depois a terceira...

O certo é que olhar para o alto, e viver a cada instante ao lado de Cristo, será a única alternativa correta de virar a página e conseguir chegar aonde você quer chegar. Porque o maior motivo de alegria para o Senhor, é ver você vencer!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

TRAVESSEIRO DE PEDRA, COBERTOR DE ESTRELAS


As pessoas reagem de formas diferentes diante do medo. Alguns tem reflexos benignos e correm eficazmente do perigo. Outros, ao invés de fugir, ficam paralisados esperando o desfecho. Mas há alguns como eu, que na hora de temor tentam resolver com atitudes extremamente ao oposto do que deveriam fazer. Estas, também como eu, têm muito que aprender.

Em um  dia agitado de novembro de 2016,  despertada por um falso alerta de uma mulher que ia no mesmo sentido que eu na calçada do bairro de Nazaré, em Salvador, temi estar testemunhando um assalto e resolvi entrar no banco em que tenho conta. Fiquei lá dentro da agência, depois da passagem do portão eletrônico. Passado o que eu descobri não passar de um engano daquela criatura, fui embora. Mais tarde descobri que estava sem meu celular. Uma amiga ligou para meu esposo para dizer-lhe que, ao tentar entrar em contato comigo, avisaram-lhe que eu havia esquecido o aparelho no porta objetos. Retornei ao local e, para minha consternação, ninguém confirmou o achado. Do lado de fora veio o insight. Não seria o caso que eu, na hora do medo, tivesse entrado no estabelecimento bancário errado. Acontece que neste local há dois bancos, lado a lado, e eles usam as mesmas cores em suas logomarcas. Na hora do medo eu os confundira. E o pior, tentei me esconder de assaltantes dentro de um banco. Não é preciso dizer o quanto eu ri de mim mesma depois de tudo acabado, e com meu celular honestamente devolvido.

A vida é assim. Vivemos cercados de medos. Medo de viver, medo de avançar, medo de ter medo. E por conta deles é que muitas vezes acabamos tomando as decisões mais erradas. Na hora do medo Jacó saiu às pressas de sua casa deixando toda sua riqueza para trás e, tendo como travesseiro, uma pedra. Mas, o Senhor havia lhe preparado um cobertor de estrelas... E o visitou em um sonho premonitório pelo qual lhe deu a visão de toda a trajetória de sua descendência na terra, de eternidade a eternidade. Que noite maravilhosa passou Jacó passou ali.


Sim , amigos, Deus conhece todos os nossos medos, por isso não deveríamos temer tanto o futuro. Mas tememos! E então saímos por aí em passos desconexos para cumprir decisões atrapalhadas e insensatas. Esquecemos que Ele, se nós consentirmos, tem planos melhores para nós.  Confiemos! Se em algum trecho de nossa vida tivermos que dormir em “travesseiros de pedras” Ele, com certeza, nos preparará “cobertores de estrelas”, para que possamos belamente sonhar...                              

E que sonhos!

sábado, 12 de novembro de 2016

ALGO NESTE OLHAR QUE ME/TE INCOMODA...


Ele era um homem simples do interior. Veio a Salvador para realizar uma consulta com um oftalmologista que fora marcada por outra pessoa. Então, quando a atendente lhe perguntou qual especialidade pretendia ele só soube responder que tinha alguma coisa estranha em seu olho que lhe impedia de ver suficientemente. Ao saber que ali eles tinham especialistas em retina, uva, cristalino, córnea e mais outros tantos ele perguntou admirado:  “Nossa, mas um olho tem tanta coisa assim?”  E a atendente respondeu: “É meu senhor. Um olho tem muita coisa, o senhor nem pode imaginar!”

Tenho uma colega que faz um estudo minucioso sobre a informação contida nos corpos tatuados. Ao apresentar uma imagem com seus registros por todo o corpo na sala suscitaram-se vários olhares. A cada apresentação de imagem surgiam as impressões mais diversas na sala de aula. E isso me fez lembrar daquele homem lá no hospital onde acompanhei minha mãe em sua cirurgia de catarata. Se um olho tem vários elementos que o compõem, um olhar, também vai muito além...

Jesus, em Mateus 6:22-23, chamou a atenção também nas infinitas formas que um ser humano pode captar através do olhar. E foi categórico. Os olhos são a lâmpada do corpo. Portanto, se teus olhos forem bons, teu corpo será pleno de luz. Porém, se teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em absoluta escuridão. Por isso, se a luz que está em ti são trevas, quão tremendas são essas trevas!


Nestes tempos “internéticos” estamos expostos a milhares de olhares. Para eles nos vestimos e nos preparamos para selfies e postagens (nem sempre bem-vindas). E depois aparece aquele clamor: “Por favor, algo nesta foto me incomoda, gostaria que fosse retirada”. Sim, daqui para frente teremos que conviver mais atento ainda com os olhares porque eles escapam facilmente das órbitas e podem se perpetuar em espaços públicos à nossa revelia. E assim, como aquele homem simples do interior que após uma longa e cansativa viagem ainda teve que esperar uma madrugada fria e um dia inteiro de filas para ser atendido para ao final descobrir que seu olho tinha mais coisa que ele sequer podia imaginar, temos também a certeza que temos que ter muito cuidado com os rumos que podem ser tomados pela interpretação do nosso olhar!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

ENTENDENDO OS SINAIS


Faltavam quatro dias para o Natal de 2015. Eu estava há alguns dias no sítio de minha mãe. Havíamos planejado passar as festas de final de ano em Andaraí-Ba, local pelo qual sou apaixonada. Tudo acertado e,  no momento em que eu já ia para o carro, ouvi da diarista de minha mãe que meu padrasto estava de brincadeira abusando a todos com piscadelas para um e para outro. Como ele aos oitenta e cinco anos ainda tinha um humor bem divertido, achei que fosse mais umas de suas peraltices. Nem desconfiei para o caso de que ao olhar para ele achei seu semblante fechado, pois isto também fazia parte da estratégia de seu comportamento brincalhão. Dizia uma piada e depois ficava sério se deliciando com as gargalhadas que provocava. Dias depois, a surpresa desagradável. As piscadelas nada mais eram que movimentos involuntários da face de um acidente vascular cerebral que se pronunciava , segundo palavras dos profissionais de saúde que o socorreram mais tarde. Como éramos todos leigos não entendemos os sinais.

Os discípulos quiseram saber de Jesus quanto aos sinais de sua vinda e Ele foi detalhando um a um. Passado mais de dois mil anos... E ainda O aguardamos. Todavia, estamos mais envolvidos mesmos é em nossas lutas procurando sinais de algo que possa aumentar nossos ganhos e nosso padrão de vida, fora outros interesses terrenos. Bem, estamos vivos, vocês podem dizer, é normal e compreensivo, desde quando é vontade celestial que cresçamos e nos desenvolvamos. Mas uma coisa também é certa, não podemos perder de vista os sinais de sua vinda para que não sejamos pegos de surpresa. No caso de meu padrasto pudemos argumentar no entorno do nosso desconhecimento sobre a doença. Havia, naquele dia, mais de dez pessoas entre amigos e familiares na casa, mas, nenhum de nós entendeu os sinais.  Hoje somos mais de sete bilhões de pessoas no mundo e, mesmo os que têm conhecimento da Palavra, continua, por muitas vezes, também não entendo os sinais de sua vinda. Aceito que vacilamos. Bastaria fazermos um desses testes tão divulgado sobre a ocorrência de AVC. Era só pedirmos a ele para sorrir e, caso não conseguisse, já era um sinal.


Os sinais aumentam cada vez mais. E nós continuamos nossas lutas do dia a dia em um sôfrego virar de páginas  sem pensarmos no nosso próximo; sem trabalhar em prol do equilíbrio físico e espiritual da humanidade. Pensando só em nosso círculo íntimo. É! Muitos de nós ainda não estamos entendo os sinais!