SERES, QUE SE DIZEM, HUMANOS
Essa reflexão partiu do texto que achei
na coleção História em Revista 1925-1950: A sombra dos ditadores:
“A meta de Mussolini
sempre fora alcançar o poder absoluto, mas ele nunca pensara muito em como
exercê-lo; assim, desde o início, seu governo revelou mais aparência do que
conteúdo. Ele proclamava que o governo, ‘valia 97 centavos em termos de
aclamação pública e três centavos em termos de realizações concretas’, tendo
certa feita observado que, para governar a Itália, ‘só duas coisas são
necessárias: policiais e banda tocando pelas ruas’. Algumas semanas após
assumir o poder em 1922, ele insistira em participar de um congresso realizado
na Suíça, para poder apresentar-se em público cercado por uma falange de
Camisas Negras. Embora não tivesse nenhuma contribuição a dar ao congresso –
realizado para ratificar um tratado entre a Grécia e a Turquia, convocou onze
entrevistas coletivas com a imprensa. Durante uma delas Ernest Hemingway, que
na época era correspondente estrangeiro, encontrou Mussolini folheando
ostensivamente um grosso volume diante dos jornalistas. Hemingway observou que
era um dicionário de francês-inglês, mantido de cabeça para baixo nas mãos do
ditador.”
Não precisa ser
necessariamente um famoso ditador, muito menos alguém tão ameaçador que possa
ser reconhecido como tal, mas, basta ter alguns traços destas características e
estar investido de alguma forma de poder que tais comportamentos se revelam:
ego super inflado; pensar ser mais importante do que realmente é; fazer pose
alternado-se até em atitudes ridículas na aspiração de estar eternamente “bem
na fita” e por aí vai. Esses tipos de pessoas só se transformam, por vezes, em
ícones de popularidade por ter quem acredite, siga e ratifique suas personalidades
performáticas. Infelizmente existem desavisados e ingênuos que se prestam a
esses papéis.
Neste mesmo
texto, os autores admitem que Mussolini mantinha seu escritório em um palácio
de mármore, distribuído em um espaço de 20 metros de cumprimento por 30 de
largura e que costumava deixar as luzes acesas até tarde para fazer de conta
que estava acordado e trabalhando até altas horas quando, na verdade, já estava
dormindo. Fotos bem elaboradas podiam, em dado momento, mostrá-lo como um
piloto experiente, um cavaleiro ousado ou um intelectual.
Desprezando a
inteligência e a capacidade dos demais, os inteligentes e dotados de
capacidades especiais quando usam seus atributos para o mal seguem, pela vida
afora, enganando seus adeptos e admiradores que, na maioria das vezes, só muito
tarde é que vão descobrir que foram vitimas de um engodo. Aí então já foram
sugados pelos proprietários de máquinas devoradoras de talentos e aptidões
alheias que, a esta altura, já estarão no encalço de outras vitimas
desavisadas, o que não falta neste mundo. “Mas os homens maus e enganadores
irão de mal a pior, enganando, e sendo enganados!” II Timóteo 3:13. A exclamação é por minha conta.
Vamos abrir
nossos olhos. E virar nossas páginas confiando em Deus e rogando-lhE para que
nos livre e nos mantenha distantes desses seres, que se dizem, humanos.