E ASSIM CONTINUA CAMINHANDO A HUMANIDADE

Este título que lembra bem o mundo cinematográfico, foi adaptado para nossos dias em um gerúndio que bem pode ser aplicado ao caso. No filme do ano em que eu nasci, o drama mostra através da trajetória de uma família, uma faceta do universo sórdido em que vivemos. O tema lá era sobre anti-intolerância racial. O que não é contemplado aqui neste espaço. Portanto dele tomei emprestado apenas o entorno do título.  Bem, o que trago sobre a continuidade da frieza e do calculismo da humanidade nasceu-me ao ler sobre o número de empresas nacionais e internacionais que estão disputando uma empresa brasileira envolvida na lava-jato e que se safou por delação premiada, mas que vem amargando prejuízos de soma milionárias. Li sobre um desfile de investidores que, em sua maioria, vivem justamente disso, comprar, às vezes para fatiar, empresas com dívidas elevadas. E as ofertas não para de crescer.

Em dezembro 1988 a casa em que eu morava no interior da Bahia foi arrombada e entre os pertences roubados foi-se um som chamado à época de 3 em 1. Um sistema de vitrola, rádio e toca fitas. Quando retornei de Salvador recebi a visita de duas “amigas” que foram me pedir meus discos e sem cerimônia argumentaram: “Você não vai mais ter mesmo mais como ouvir eles, né? ”. Nem cogitaram a possibilidade de que eu um dia eu poderia voltar a ter um novo aparelho de som. Pior ainda, foi quando meu filho de dois anos e nove meses morreu e em menos de uma semana depois vieram me pedir alguns brinquedos e a bota ortopédica que ele usava. Os brinquedos ainda vá lá, mas a bota feita sobe medida para um problema específico, foi demais...

Pois é, e assim continua caminhando a humanidade. Por isso que os doze discípulos quando interrogados por Jesus, depois de um contundente sermão, se eles não queriam se retirar dali a resposta continua ecoando e tinindo em nossos ouvidos como se lá estivéssemos presentes naquele dia: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6:67-68. Essa foi a resposta de Pedro. Essa deve ser a nossa resposta a cada virar de nossas páginas. Amém!

DESMANCHA PRAZER

           

Apresentei meu primeiro filho a uma pessoa e ela disse: “primeiro filho é assim mesmo, a gente sai mostrando a todo mundo”. Apresentei minha neta a um parente e ele retrucou: “Ah! Coisa você vai ver quando crescer. Elas mudam tanto. Hoje em dia nem dá prazer ter filho, que dirá neto”.

Tem gente que é assim e seu cognome é Desmancha Prazer. Sua nova aquisição? Nem mostre. Ela acabou de passar por uma loja que vende o que você acabou de comprar de marca melhor e de preço bem mais em conta. Isso quando não diz que encontrou por metade do preço e só não comprou porque não está precisando. E para lhe torturar ainda mais lhe diz com cara de piedade: Se você tivesse esperado mais um pouco... Na maioria das vezes é mentira. Se você puder fazer um teste entregando-lhe o valor e pedido para ela ir lá comprar a resposta será sempre esta: pena que já acabou porque era promoção.

Em Mateus 26:7-13 os discípulos quase transformavam um dos momentos mais lindos do ministério de Jesus, ao tentar um ato solene, em coisificação da fé. “Por que este desperdício? Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres esse dinheiro!” Ah! Sim.

Como no caso deles, o desdém vem sempre com segundas intenções. E também para desmanchar o prazer. Nem parou para pensar na besteira que estavam fazendo com aquele que eles chamavam de Mestre. Se Jesus aceitou então é porque o gesto não era tão desprovido de sentido como eles pensavam.

Por isso, pare com essa mania de viver mostrando tudo o que faz ou vai fazer sem antes filtrar os receptores da sua mensagem, porque, o que o Desmancha Prazeres mais quer, é azedar a sua virada de página. Eu que o diga o quanto já passei por isso!