quinta-feira, 30 de novembro de 2017

DEUS DE PERTO E DE LONGE
Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Jeremias 23:23

Contemplando estas paisagens, do alto de uma colina em Sintra (Portugal-Novembro de 2017), lembrei-me dos senhores feudais e dos conquistadores de outros tempos.  De como do alto de seus castelos eles, ao tempo em que se
Fonte: Arquivo pessoal de Isabel Souza
protegiam,  também administravam suas conquistas que tinham que ser defendidas entre inúmeras guerras.
Muitos ainda acham que Deus também se mantém do alto de seu reino indiferente ao que se passa ao seu povo cá embaixo.  Mas não é assim. Nesta viagem, eu pude ter uma experiência pessoal com Ele ao ponto de nunca mais poder me dar ao direito de ter qualquer dúvida a respeito de seu carinho, de seu cuidado e de seu amor.
Estávamos em sala de aula no programa de pós-graduação quando surgiu a ideia de algumas colegas de submetermos nossos trabalhos para um evento em Portugal. Animei-me, mas porque tinha a certeza que se meu trabalho fosse aceito faríamos juntas a viagem para participarmos do evento. Não foi assim que, por vários motivos, das pessoas que eu conhecia ninguém pode ir. Com a inscrição paga, passagens e providências legais para a saída do país em andamento eu, nem por um instante sequer, pensei em desistir.
E assim, eis que chegara a hora de colocar em prática tudo o que eu afirmara até então sobre confiança. Com sessenta e um ano eu iria viajar sozinha em minha primeira viagem para fora do país. Foi então que fiz um trato com Deus. Disse-lhe: Senhor, vai ser nós dois e pronto! E eu não poderia ter conseguido uma companhia de viagem melhor.                 
Sua primeira ação de boas vindas veio na forma de um jovem brasileiro que me deu seus cartões de embarque para o metrô porque iria embora no dia seguinte. No evento conheci outra brasileira que estava fazendo pesquisa em Lisboa e que me ajudou bastante nos preparativos para minha apresentação. Muito comovente para mim foi, ao voltar para o metrô para me dirigir ao hotel que ficava no centro da cidade, sentir uma sensação de perda repentina. Ao me virar nem quis acreditar, era  minha echarpe, um fino lenço que não tinha como fazer qualquer barulho ao cair, mas que eu institivamente senti estar deixando algo para trás. Ali eu não tive dúvida. Ele estava guardando até o mais simples dos meus pertences.
Finalmente, no passeio para Belém, pensando que não teria ninguém no ônibus para me acompanhar, de repente, e que sei que não foi do nada, apareceu-me uma linda jovem, também brasileira, que me “escoltou” até o final do passeio fazendo-me companhia em umas singelas compras e até no almoço indicando-me lugares mais em conta e de relativa qualidade.
E foi assim que ainda ganhei uma amiga da Paraíba, professora em Belo Horizonte e pesquisadora temporariamente no sul da França. Esse meu Deus! Agora diga que Ele fica do alto só observando sem se preocupar com as viradas de nossas páginas! Isso é coisa de homens carnais.                                                    Fonte: Arquivo pessoal de Isabel Souza