DEUS DE PERTO E DE LONGE
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Fonte: Arquivo pessoal de Isabel Souza
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Muitos
ainda acham que Deus também se mantém do alto de seu reino indiferente ao que
se passa ao seu povo cá embaixo. Mas não
é assim. Nesta viagem, eu pude ter uma experiência pessoal com Ele ao ponto de
nunca mais poder me dar ao direito de ter qualquer dúvida a respeito de seu
carinho, de seu cuidado e de seu amor.
Estávamos
em sala de aula no programa de pós-graduação quando surgiu a ideia de algumas
colegas de submetermos nossos trabalhos para um evento em Portugal. Animei-me,
mas porque tinha a certeza que se meu trabalho fosse aceito faríamos juntas a
viagem para participarmos do evento. Não foi assim que, por vários motivos, das
pessoas que eu conhecia ninguém pode ir. Com a inscrição paga, passagens e
providências legais para a saída do país em andamento eu, nem por um instante
sequer, pensei em desistir.
E
assim, eis que chegara a hora de colocar em prática tudo o que eu afirmara até
então sobre confiança. Com sessenta e um ano eu iria viajar sozinha em minha
primeira viagem para fora do país. Foi então que fiz um trato com Deus.
Disse-lhe: Senhor, vai ser nós dois e pronto! E eu não poderia ter conseguido
uma companhia de viagem melhor.
Sua
primeira ação de boas vindas veio na forma de um jovem brasileiro que me deu
seus cartões de embarque para o metrô porque iria embora no dia seguinte. No
evento conheci outra brasileira que estava fazendo pesquisa em Lisboa e que me
ajudou bastante nos preparativos para minha apresentação. Muito comovente para
mim foi, ao voltar para o metrô para me dirigir ao hotel que ficava no centro
da cidade, sentir uma sensação de perda repentina. Ao me virar nem quis
acreditar, era minha echarpe, um fino
lenço que não tinha como fazer qualquer barulho ao cair, mas que eu
institivamente senti estar deixando algo para trás. Ali eu não tive dúvida. Ele
estava guardando até o mais simples dos meus pertences.
Finalmente,
no passeio para Belém, pensando que não teria ninguém no ônibus para me
acompanhar, de repente, e que sei que não foi do nada, apareceu-me uma linda
jovem, também brasileira, que me “escoltou” até o final do passeio fazendo-me
companhia em umas singelas compras e até no almoço indicando-me lugares mais em
conta e de relativa qualidade.

