...E O POVO PEDIU ATÉ LAMA!
Não tinha como deixar
passar! Estou na minha esteira cuidando da saúde e de repente aparece um
documentário sobre o primeiro Rock in Rio em um canal fechado. Roberto Medina,
o mega empreendedor e realizador do projeto, relembrou todas as
intempéries que enfrentou para construir a primeira cidade do rock no Rio de
Janeiro em 1985. Em um certo trecho ele confessou que havia desistido da
empreitada de porque o dinheiro, simplesmente, acabou. Teve momentos em que ele
pensou que não ia conseguir, mas, recebeu palavras de ânimo e conforto e resolveu
seguir em frente até que outros patrocinadores acreditaram no projeto que se
transformou em seu grande sucesso empresarial. O evento foi considerado o maior
festival do planeta.
Por que não agimos
assim também, ao tocarmos um projeto para o avanço da obra do Senhor, ou, para
contemplar algo de retorno de bens sociais para a humanidade. Se para aquele
delírio de apresentações nacionais e internacionais, que em sua primeira versão
enfrentou os mais diversos tipos de lacunas estruturais ninguém desistiu e
fincou o pé naquele lugar até o seu final não deveríamos agir da mesma maneira
nos projetos espirituais?
Desde o empreendedor e
seus patrocinadores até o último fã a sair da plateia que delirava a cada
apresentação, todos estavam envolvidos em uma única esperança: torciam e se
esforçavam para que tudo desse certo. Para isso aceitavam todas os imprevistos
de bom grado e não reclamavam de nada. Para eles, tudo fazia parte...
Mas agora, ao
finalizar esta reflexão, admito que o que mais me deixou reflexiva, se esta é a
palavra certa a ser empregada neste caso, foi o quesito da lama. Sim, lama!
Roberto Medina testemunha naquele documentário que um dos acontecimentos que
mais o deixaram apreensivo naquele festival foi uma chuva torrencial que
inundou de lama o local. Então, na versão seguinte do festival, eles tomaram
providências para evitar que houvesse o mesmo incidente e o povo não passasse
novamente por aquele infortúnio.
Infortúnio? Qual nada.
Acreditem. Olhem lá este documentário em um site de busca. Ele confirma que o
povo reclamou porque não tinha lama. Pois é. Aquilo que eles imaginavam ter sido
um motivo de reclamação no projeto anterior, foi motivo de reclamação, sim, mas
por sua falta. O povo pediu até lama!
E assim tocamos nossas
vidas. Virando páginas achando que já vimos de tudo. E ainda não vimos nem a
metade. Quando se trata de um evento espiritual o nível de exigência é lá em
cima. Para desfrute carnal o povo não reclama
de nada e sente falta até do lamaçal que a envolve. É isso mesmo. Também, afinal,
trata-se de um evento carnal...