quinta-feira, 5 de outubro de 2017

...E O POVO PEDIU ATÉ LAMA!

Não tinha como deixar passar! Estou na minha esteira cuidando da saúde e de repente aparece um documentário sobre o primeiro Rock in Rio em um canal fechado. Roberto Medina, o mega empreendedor   e realizador do projeto, relembrou todas as intempéries que enfrentou para construir a primeira cidade do rock no Rio de Janeiro em 1985. Em um certo trecho ele confessou que havia desistido da empreitada de porque o dinheiro, simplesmente, acabou. Teve momentos em que ele pensou que não ia conseguir, mas, recebeu palavras de ânimo e conforto e resolveu seguir em frente até que outros patrocinadores acreditaram no projeto que se transformou em seu grande sucesso empresarial. O evento foi considerado o maior festival do planeta.
Por que não agimos assim também, ao tocarmos um projeto para o avanço da obra do Senhor, ou, para contemplar algo de retorno de bens sociais para a humanidade. Se para aquele delírio de apresentações nacionais e internacionais, que em sua primeira versão enfrentou os mais diversos tipos de lacunas estruturais ninguém desistiu e fincou o pé naquele lugar até o seu final não deveríamos agir da mesma maneira nos projetos espirituais?
Desde o empreendedor e seus patrocinadores até o último fã a sair da plateia que delirava a cada apresentação, todos estavam envolvidos em uma única esperança: torciam e se esforçavam para que tudo desse certo. Para isso aceitavam todas os imprevistos de bom grado e não reclamavam de nada. Para eles, tudo fazia parte...
Mas agora, ao finalizar esta reflexão, admito que o que mais me deixou reflexiva, se esta é a palavra certa a ser empregada neste caso, foi o quesito da lama. Sim, lama! Roberto Medina testemunha naquele documentário que um dos acontecimentos que mais o deixaram apreensivo naquele festival foi uma chuva torrencial que inundou de lama o local. Então, na versão seguinte do festival, eles tomaram providências para evitar que houvesse o mesmo incidente e o povo não passasse novamente por aquele infortúnio.
Infortúnio? Qual nada. Acreditem. Olhem lá este documentário em um site de busca. Ele confirma que o povo reclamou porque não tinha lama. Pois é. Aquilo que eles imaginavam ter sido um motivo de reclamação no projeto anterior, foi motivo de reclamação, sim, mas por sua falta. O povo pediu até lama!

E assim tocamos nossas vidas. Virando páginas achando que já vimos de tudo. E ainda não vimos nem a metade. Quando se trata de um evento espiritual o nível de exigência é lá em cima.  Para desfrute carnal o povo não reclama de nada e sente falta até do lamaçal que a envolve. É isso mesmo. Também, afinal, trata-se de um evento carnal...

Nenhum comentário:

Postar um comentário