A PRIMEIRA
NOITE DEPOIS DA DERROTA
Fui
convidada para uma reunião de coordenadores de setor. Seria a primeira depois
da posse da nova direção. Com o relatório de atividades desempenhadas durante
minha gestão mais um projeto de modernização, ambos exigidos para o evento,
compareci com a melhor das minhas intenções. Cheguei e aguardei pacientemente
os demais participantes. Um a um chegava e me olhava tranquilamente como se fosse
uma reunião de costume. Dissimuladamente me cumprimentavam e tomavam seus
lugares entre conversas animadas em torno de assuntos corriqueiros. Quando o representante da nova diretoria
chegou, cumprimentou-me cordialmente e, como frieza era o mote de suas
manifestações em público, eu nada percebi de anormal. Depois de cenas dignas de
uma peça teatral roteirizada para um espetáculo com os mais renomados atores,
fui informada de que a partir daquele dia o cargo que eu ocupara até então seria
preenchido por outra pessoa. Todos já sabiam. Menos eu.
Dias após
esse incidente fui informada que há dias eu já não era mais ocupante do cargo,
mas, que não haviam me avisado para que eu não interrompesse o projeto que eu deveria
finalizar para aquela reunião. Trabalho que me roubou não poucos dias de
tranquilidade. Ao sair, recebi de um companheiro de equipe um conselho: “Colega,
vá para casa e durma porque o ruim é só a primeira noite. Depois que você dorme
e acorda o primeiro dia, os outros, são mais determinantes para seguir em
frente”. Nunca vi algo tão certo. Ele não era nenhum profissional da área do
comportamento humano. Mas que experiência de vida! Sábias palavras!
A última
noite que Jesus passou com seus amigos discípulos ressentiu-se de que nenhum
conseguira perder sequer um minuto de sono naquela noite de tormenta. Ele não
teria nunca mais aqui na terra outro dia, muito menos noite, de sono para
recuperar-se. Em seu último momento de agonia clamou ao Pai por companhia. Só
Ele poderia entender aquela sua derradeira hora entre os habitantes deste muito
abarrotado de traidores e incrédulos. Mas três dias depois de sua aparente
derrota, segundo o olhar humano, Ele ressurgiu vitoriosamente em refulgente
glória para a amarga surpresa de seus detratores, mas alegria daqueles que o
amavam e aguardavam o cumprimento de sua promessa: “Destruam este santuário e
em três dias eu o reconstruirei” (João 2:19).
Se você está
passando por um momento que se configura com algo que chamam de derrota saiba
que quem está aqui entrelaçada junto com essas linhas nesse momento é uma
pessoa que saiu com um filho para uma simples cirurgia de fimose e voltou para
casa sem ele, ceifado que foi por uma reação a uma anestesia completamente
desnecessária; que um dia saiu chefe de um setor por quatro anos e no dia
seguinte viu-se em pé no meio dele sem ter nem onde colocar a bolsa ou, sequer,
uma mesa para trabalhar; que saiu candidata a um cargo eletivo municipal e que
depois de ver inúmeras pessoas declarar a frase “estou fechado(a) com você” ,
viu, em menos de uma hora depois do encerramento do pleito, números completamente
aquém daquilo que muitos lhe vislumbrara.
Mas graças a
Deus que nos tem dado em contrapartida milhares de vitórias para agradecer. A
cada dia milhões de células nocivas são destruídas pelo nosso sistema
imunológico em uma sangrenta batalha entre a vida e a morte sem que nos
lembremos ou nos demos conta. E é por tudo isso eu posso lhe clamar com
conhecimento de causa: persista no alcance de suas boas metas e, se por
qualquer motivo, acontecer algo tenebroso entre o começo e a finalização da
vitória, que venha a noite. Passará a primeira, depois a segunda, depois a
terceira...
O certo é
que olhar para o alto, e viver a cada instante ao lado de Cristo, será a única alternativa
correta de virar a página e conseguir chegar aonde você quer chegar. Porque o
maior motivo de alegria para o Senhor, é ver você vencer!