NADA A VER COMIGO
Em uma de minhas viagens pelo Brasil quando vi
a fila e, para o que era, resolvi segui-la também. Era um artista que fazia
caricaturas. Esperei pacientemente pela minha vez. Pedi-lhe a arte em cima do
meu sorriso. Ele alegou que achava difícil me ver desse jeito. Disse isso sem
nunca ter-me visto. Tudo bem, vamos em frente. Esperei, esperei e, quando o
trabalho acabou, nenhum componente da equipe que me acompanhava conseguiu
visualizar qualquer traço naquele trabalho que remetesse para o reconhecimento
de minha fisionomia. Nem sorrindo, nem chorando, nem nada. E eu ainda tive que
pagar. Lá se foi meu dinheiro!
Bem, assim como aquela tentativa de reprodução
de minha imagem, caricaturada ou não, muitos também desenvolvem a mania de
querer decifrar as pessoas tão logo lhes são apresentadas. Muitas vezes, nem
anos e anos de convívio com alguém fornece material suficiente para tal
empreitada. Mesmo que seja um especialista no assunto.
Jesus, o maior especialista dessa área que já
passou por este mundo, perguntou a seus discípulos: “Quem diz a multidão quem
eu sou?” As respostas foram as mais
variadas: “Uns dizem que João, o Batista, outros, Elias, ou qualquer um dos
antigos profetas que ressuscitou...” E Jesus continuou com a interpelação: “mas
e para vocês mesmos, eu sou quem?” Então os discípulos confirmaram-no como o
Cristo de Deus.
E assim caminha a humanidade até hoje. Não
conseguem retratar seu próximo de maneira fiel se o Senhor não os revelar.
Certa vez, em visita a um sanatório, em tom de brincadeira perguntei a um
psiquiatra qual era a diferença entre os internos e ele. O que ele me disse,
mesmo de forma hilária, me fez pensar. Ele respondeu: “A diferença é que eu
tenho a chave.”
Um dia eu espero encontrar, e vai ter que ser
sem pagar, um artista que possa transferir para o papel minha imagem de forma
que os outros possam me reconhecer. Eles existem, eu sei. Todavia meu ser, na
sua íntegra, só Deus poderá revelar. Porque só ele me conhece profundamente. Só
Ele conhece a verdadeira essência da criatura humana e como elas realmente
viram suas páginas.
João
categorizou sabiamente que “Jesus não confiava no homem porque a todos conhecia
e não necessitava de que alguém testificasse do homem porque ele bem sabia o
que havia no homem”. João 2:24 e 25.
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