O
GRUPO PERIGOSO DA BAHIA
Na
obra “As relações de trabalho dos
escravos de ganho e de aluguel na cidade de Salvador (1800-1822)”, de Maria
Evilnardes Dantas Petrauskas, pesquisa realizada pela Pontífica Universidade
Católica de São Paulo (Pós Graduação em História), tem a informação de que
nessa fase Salvador contava com 65.000 habitantes assim divididos, conforme
transcrição literal do texto de origem:
O
primeiro grupo era formado pelos funcionários da administração real, os
militares de altas patentes, o alto clero secular e regular, os grandes
mercadores e os proprietários de terras, que compunham a chamada elite da
sociedade baiana famintas de distinções e honrarias, com rendimentos anuais
superiores a 1.000$000 réis, e que aspiravam títulos de nobreza distribuídos
pelo governo imperial a partir de 1822.
O
segundo grupo era constituído por funcionários médios da administração real,
militares e oficiais de patentes inferiores, o clero secular e regular, os
comerciantes varejistas, proprietários rurais, fazendeiros ou criadores médios,
profissionais liberais, os homens que viviam de seus rendimentos anuais e os
mestres de ofícios nobres.
No
terceiro grupo estavam os funcionários subalternos da administração real,
militares, profissionais liberais secundários, oficiais mecânicos e pequenos
comerciantes do comércio de frutas, doces e salgados composto em sua maioria
por homens recém-egressos da escravidão.
Finalmente,
o quarto grupo composto pelos escravos, mendigos e vagabundos que constituíam o
“grupo perigoso da Bahia” no início do século XIX e até 1860 mais ou menos. O
texto ainda informa que houve uma evolução do comportamento social que pelo
qual, em dado momento, “o processo de purificação obriga o mestiço a desejar
integrar-se na procura de uma forma de aproximar-se o mais possível dos tipos e
vida da cultura branca (pg.38), para apropriar-se desse povo, ou dessa
sociedade branca no que rompe todos os laços com seu grupo de origem.
De
nada adiantou tanta tentativa de aproximação. Ainda somos confundidos com gente
perigosa. Não foi uma vez nem duas que ao me aproximar de algumas senhoras em
determinadas lojas senti que elas instintivamente colocaram suas bolsas para
frente como para se precaver de “gente perigosa”.
Mas
vamos vivendo e virando nossas páginas enfrentando essas lutas e batalhas
porque de qualquer maneira, viver é muito perigoso, seja na pele de um negro, ou,
de outra raça qualquer. Nosso risco só se torna maior pelo desagravo que
corremos de estarmos volta e meia sendo confundidos com “gente perigosa”.
E
assim vamos virando nossas páginas
permeando-as com esses infortúnios onde a única coisa que nos alivia é a
certeza de que temos um Deus que cuida de
nós.
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