UMA
VOLTA DE BICICLETA POR UMA VOLTA DE CACHORRO
Como dizemos aqui na Bahia, menino tem é arte!
Durante a infância e adolescência de meus filhos passamos vários períodos de
suas férias na cidade de Saubara, terra da região de meus ancestrais maternos. Lá,
sempre alugávamos uma casa simples só para passar as férias e não incomodar os
parentes. Na primeira vez que fomos pudemos finalmente realizar um grande sonho
de minhas, então crianças, que era terem suas bicicletas. Nos lugares onde
havíamos morado em Salvador, até aquele momento, não oferecia segurança para
eles terem as suas porque, ou era muito movimentado, ou era em ladeiras
íngremes. E foi assim que conseguimos um longo período de férias e levamos suas
primeiras bicicletas. Foi com muita alegria que eles viram o pai chegar de
ônibus e saltar na praça da cidade com as maravilhas já prontinhas para uso. Ao
retirá-las do bagageiro a euforia foi total.
Quando constatei que eles já dominavam suas
máquinas deixei-os mais à vontade. Mas houve um dia que tomei um susto
daqueles. Quando estava de volta de uma visita aos nossos parentes encontrei no
caminho um garoto com uma das bicicletas que eu reconheci ser uma das nossas.
Fui para casa e, no trajeto, em outra rua, encontrei meu menino mais velho
passeando com um cachorro preso à coleira. Fiquei admirada com aquilo.
Perguntei-lhe o que estava acontecendo e ele, tranquilamente, me confessou que
mais que ter uma bicicleta seu sonho maior era ter um cachorro, e que ele preferira
trocar algumas voltas de bicicleta por algumas voltas de cachorro. Achou alguém
que gostou da troca...
O que é realmente importante para cada um de nós?
Será que alguém realmente sabe? Me dá agonia quando ouço alguém dizer que
conhece fulano como a palma de sua mão. Será que conhece mesmo? No livro de
Jeremias 17: 9-10 temos: “Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor,
esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os
seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”
Não
conhecemos ninguém de forma a não deixar nenhuma dúvida sobre seus desejos e
sobre seu verdadeiro caráter. Aprendi isso de forma simples quando vi meu filho
preferir dar voltas com um cão sem nenhum pedigree a dar voltas em uma
bicicleta de razoável valor. Porque para ele, naquele momento, mais valia a
amizade de um cão do que a velocidade e as maravilhosas piruetas que sua engenhoca
poderia lhe proporcionar. E assim vamos virando nossas páginas pensando que
conhecemos tudo e todos e, não conhecendo, absolutamente, nada e ninguém!
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