sábado, 2 de abril de 2016

ADEUS MALAS!



Eu tinha dez anos e tio Silvério chegou com a grande notícia: iríamos veranear na localidade de Salinas das Margaridas. Foi aquele alvoroço! Minha primeira providência foi pegar meu maiô e esconder bem no fundo da mala. Todos os dias eu me lembrava de alguma coisa e corria para juntar à bagagem. Chegou o grande dia e, eu que dormira com o maiô que de última hora eu retirara das bagagens, não cabia em mim de tanto contentamento.  Mas, uma grande surpresa me reservava a tristeza na manhã daquele dia, como diria Herivelton Martins. A viagem foi cancelada e eu penso que bem que esta palavra, cancelada, deveria vir de cancela. Isto porque o que ocorreu é que colocaram mesmo uma grande cancela, e bem fechada, na porteira de minha imaginação. E eu que já me via mergulhando nas águas de uma praia tão cristalina como a que me levavam na Avenida Contorno, nos velhos tempos, de repente vi todos os meus anseios se desmoronarem. Malas desfeitas e sonhos acompanhando o cortejo das peças de verão que voltavam para as cômodas. E disseram que tudo foi por conta de uma chave que o dono da casa não mais disponibilizou para meu tio.  Um trato desfeito.

É por isso que eu não canso de repetir que a vida sem Jesus não tem lógica. Que negócio estranho esse mundo. Tudo aquilo que mais amamos vem com prazo marcado para proporcionar alegria. Por isso muitos sucumbem em meio a tanta perda e solidão. É muita mala desfeita para uma vida tão curta.


Muitos anos se passaram e eu já fiz muitas malas que foram bem aproveitadas assim como, tive também, algumas outras que tiveram que ser desfeitas sem seguirem viagens. Todavia minha maior alegria é crer que chegará o dia em que faremos uma maravilhosa viagem que não vai precisar de malas. Eu sonho com este dia e, enquanto ele não chega, vou virando minhas páginas na certeza de que neste grande dia, com ou sem malas, terei motivos de sobra para agradecer a Deus pelo cumprimento de sua promessa de uma vida eterna sem decepções. 

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