terça-feira, 22 de março de 2016

VAIDADE ANTIPATRIÓTICA

Tudo certo que iríamos para Montevidéu, mas meu filho resolveu seguir conselho de amigos e optar por conhecer Colônia Del Sacramento. Disseram a ele que  lá teríamos mais coisas interessantes para ver. Saímos da cidade portenha de Buenos Aires e atravessamos o Rio Prata em uma embarcação tipo ferry. O passeio não foi dos mais agradáveis. Pelo menos para mim que tenho mania de comparar tudo com o Brasil e no fim sempre achar que temos lugares mais bonitos que aqueles em que estamos naquele momento. Não foi diferente naquele local, e isso  meus companheiros de viagem não aceitavam.

Bem, lá se fomos nós. Na hora do almoço todos acomodados em um ônibus a serviço da excursão e eu, que vinha ao longo do percurso observando uma determinada componente do grupo que nunca conversava em nossa presença, cochichei com minha nora: “aquela ali é brasileira”. Minha nora olhou, olhou, e nada de concordar comigo. “Não é não Bel, como é que você sabe? Ela nem abre a boca.” Então eu lhe confirmei: Não abre a boca quando está perto de nós. Ela Não quer se identificar como brasileira.

E assim o ônibus partiu. Quando chegamos ao nosso destino, onde iríamos escolher o lugar para almoçar, a “brasilenha” não resistiu ao nosso olhar de indagação e arriscou em espanhol: “Buenas tardes”, ao que lhe respondi: “Boa tarde!” Sem graça ela replicou: “Ah, brasileiros?” Respondemos afirmativamente e cada um seguiu seu caminho. Mas antes de ir ela fez questão de frisar sua identidade regional especificando com ar de orgulho o estado do Brasil de onde ela provinha.

Em um passado não muito distante alguns jogadores brasileiros já se queixaram de terem sido tratados com frieza e indiferença por seus companheiros conterrâneos ao ponto de, em campo, os compatriotas mais antigos no clube comunicarem-se entre si na língua local europeia excluindo, assim,  os brasileiros que chegaram por último.
Jesus enfrentou fariseus, saduceus e outros  seguidores de correntes doutrinárias que condenavam povos, oriundos de uma mesma nação e pertencentes a um único Deus, a uma eterna separação.

Hoje. Infelizmente, esse legado também  foi transferido para o cristianismo! E pensar que tudo, no final das contas, não passava e não passa de vaidade antipatriótica. Quanta bobagem! Achar que ao nos fingirmos de “diferentes” poderemos virar páginas sendo mais respeitados e amados por Cristo.

Quanta bobagem!


 Estamos todos no mesmo barco desde o princípio do mundo.

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