VAIDADE
ANTIPATRIÓTICA
Tudo
certo que iríamos para Montevidéu, mas meu filho resolveu seguir conselho de
amigos e optar por conhecer Colônia Del Sacramento. Disseram a ele que lá teríamos mais coisas interessantes para ver.
Saímos da cidade portenha de Buenos Aires e atravessamos o Rio Prata em uma
embarcação tipo ferry. O passeio não foi dos mais agradáveis. Pelo menos para
mim que tenho mania de comparar tudo com o Brasil e no fim sempre achar que
temos lugares mais bonitos que aqueles em que estamos naquele momento. Não foi
diferente naquele local, e isso meus
companheiros de viagem não aceitavam.
Bem,
lá se fomos nós. Na hora do almoço todos acomodados em um ônibus a serviço da
excursão e eu, que vinha ao longo do percurso observando uma determinada
componente do grupo que nunca conversava em nossa presença, cochichei com minha
nora: “aquela ali é brasileira”. Minha nora olhou, olhou, e nada de concordar
comigo. “Não é não Bel, como é que você sabe? Ela nem abre a boca.” Então eu
lhe confirmei: Não abre a boca quando está perto de nós. Ela Não quer se
identificar como brasileira.
E
assim o ônibus partiu. Quando chegamos ao nosso destino, onde iríamos escolher
o lugar para almoçar, a “brasilenha” não resistiu ao nosso olhar de indagação e
arriscou em espanhol: “Buenas tardes”, ao que lhe respondi: “Boa tarde!” Sem
graça ela replicou: “Ah, brasileiros?” Respondemos afirmativamente e cada um
seguiu seu caminho. Mas antes de ir ela fez questão de frisar sua identidade
regional especificando com ar de orgulho o estado do Brasil de onde ela
provinha.
Em um
passado não muito distante alguns jogadores brasileiros já se queixaram de
terem sido tratados com frieza e indiferença por seus companheiros conterrâneos
ao ponto de, em campo, os compatriotas mais antigos no clube comunicarem-se
entre si na língua local europeia excluindo, assim, os brasileiros que chegaram por último.
Jesus
enfrentou fariseus, saduceus e outros seguidores de correntes doutrinárias que condenavam
povos, oriundos de uma mesma nação e pertencentes a um único Deus, a uma eterna
separação.
Hoje.
Infelizmente, esse legado também foi
transferido para o cristianismo! E pensar que tudo, no final das contas, não
passava e não passa de vaidade antipatriótica. Quanta bobagem! Achar que ao nos
fingirmos de “diferentes” poderemos virar páginas sendo mais respeitados e
amados por Cristo.
Quanta
bobagem!
Estamos todos no mesmo barco desde o princípio
do mundo.
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