segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

REESCRAVIZAÇÃO


Desde 1831 o tráfico de escravos era ilegal no Brasil1. Mesmo assim, em 1836 foram desembarcados 12.570 escravos na baía de Botafogo. Quando o Uruguai aboliu a escravidão, em 1842, proprietários brasileiros, das charqueadas próximas a Montevidéu, receberam ajuda de autoridades brasileiras para transportar 188 trabalhadores cativos para serem reescravizados na Província de Santa Catarina.

Na pesquisa de Fernanda Domingos Pinheiro2 podemos encontrar o registro sobre “Antônio Rodrigues, que vivia como escravo, mas na verdade, era um homem livre. Ao descobrir, foi para a Vila do Caeté, na capitania das Minas Gerais, e passou a morar em companhia de sua mãe nas Catas Altas, freguesia pertencente à cidade de Mariana”. Mas, no entanto, segundo a historiadora, foram quatro anos desfrutando da liberdade até que, em 1762, chegou uma notícia assustadora: seu ex-senhor mudara de ideia e tentava encontrá-lo para levá-lo de volta ao cativeiro”.

Vale a pena ler este relato e mais outros que ela descreve de vários casos de senhores de escravo que recebia o pagamento de padrinhos ou até do próprio escravo que trabalhava para pagar sua alforria e que depois os proprietários, fraudulentamente, conseguia roubar os documentos e alegava nunca ter alforriado o escravo ou escrava. “O fenômeno persistiu em todo o período escravista quando alforriados tornaram-se alvos de buscas e prisões marcadas por atos de violência, e muitos acabaram sendo vendidos a novos proprietários ou devolvidos à posse de antigos senhores”.

Assim dia o Senhor em II Pedro 2:20-22:  “Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente nelas enredados e por elas dominados, estão em pior estado do que no princípio. [...]Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: "O cão voltou ao seu vômito: a porca lavada voltou a revolver-se na lama".

Na verdade, se ao mundo nos reentregarmos, viraremos nossas páginas reescravizados! 



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