NÃO
SOMOS MAIS OS MESMOS
Pensei
em passar em casa para almoçar e descansar um pouco antes de retornar ao centro
da cidade para resolver algumas coisas por lá. Já era mais de uma hora da tarde
e eu ainda não tinha almoçado. Mas logo ao entrar em minha rua avistei de longe
minha mãe que vinha cheia de pacotes e mais alguns artefatos. Parei para
levá-la até o ferry boat e assim aliviar-lhe a carga e tempo de regresso para
Pirajuía. Foi aí que no trajeto, por alguns instantes, me veio a lembrança de
um dia remoto ainda lá em Nova Iguaçu, quando saímos alegremente para irmos visitar
amigos em Duque de Caxias. Lembro-me deste dia como se fosse hoje porque eu
perdi uma bolsinha que ganhara de presente naquela manhã e estava me achando a
própria, até que descemos da lotação e eu a esqueci lá. Lembro-me nitidamente
de nós duas correndo atrás da condução gritando desesperadas sem conseguir
reaver minha prenda sem sucesso.
Pensando
em reviver aqueles poucos momentos em que saíamos juntas lá no Rio de Janeiro
levei minha mãe para almoçar na intenção de reviver, nem que fosse por alguns
momentos, aquela fase tão longínqua de nossas vidas. Sentamos e a conversa que
se travou ali só girou em torno de nossas lutas e ansiedades. Então veio a
constatação: com o passar dos anos nossos problemas se equiparavam cada vez
mais e perder bolsas infantis já não é era mais o nosso maior problema. E
assim, a impressão que tenho é que à medida que os anos se vão nossas
diferenças de idade já nem parecem tão díspares.
Quando
Jacó menos percebeu seus filhos já eram homens que lutavam e se rebelavam enquanto
tomavam suas próprias decisões. Ao ponto até de violarem uma de suas mulheres,
como foi o caso de Rubem. Quando menos percebemos nossos filhos já estão sob o
peso dos mesmos problemas que nos afligem... e percebemos que já não somos mais
os mesmos. Agora tocando projetos
espirituais similares não éramos mais aquelas mesmas pessoas. E que ironia, quando
ela estava implantando a igreja de Encarnação de Salinas eu estava na luta pela
implantação da igreja de Novo Horizonte. E no momento que sua luta é terminar a
igreja de Mutá eu estou na luta para terminar o projeto da Fazenda Garcia. É, parece
que a cada dez anos sai uma pessoa e entra outra em nosso lugar. Por isso sinto
que já não somos as mesmas daquele distante 1962. Na verdade a cada temporada
de vivência sentimos que ao virar de cada página já não somos mais os mesmos...
ou mesmas. Você sabe o que eu quero dizer.
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