sábado, 13 de fevereiro de 2016

NÃO SOMOS MAIS OS MESMOS

Pensei em passar em casa para almoçar e descansar um pouco antes de retornar ao centro da cidade para resolver algumas coisas por lá. Já era mais de uma hora da tarde e eu ainda não tinha almoçado. Mas logo ao entrar em minha rua avistei de longe minha mãe que vinha cheia de pacotes e mais alguns artefatos. Parei para levá-la até o ferry boat e assim aliviar-lhe a carga e tempo de regresso para Pirajuía. Foi aí que no trajeto, por alguns instantes, me veio a lembrança de um dia remoto ainda lá em Nova Iguaçu, quando saímos alegremente para irmos visitar amigos em Duque de Caxias. Lembro-me deste dia como se fosse hoje porque eu perdi uma bolsinha que ganhara de presente naquela manhã e estava me achando a própria, até que descemos da lotação e eu a esqueci lá. Lembro-me nitidamente de nós duas correndo atrás da condução gritando desesperadas sem conseguir reaver minha prenda sem sucesso.

Pensando em reviver aqueles poucos momentos em que saíamos juntas lá no Rio de Janeiro levei minha mãe para almoçar na intenção de reviver, nem que fosse por alguns momentos, aquela fase tão longínqua de nossas vidas. Sentamos e a conversa que se travou ali só girou em torno de nossas lutas e ansiedades. Então veio a constatação: com o passar dos anos nossos problemas se equiparavam cada vez mais e perder bolsas infantis já não é era mais o nosso maior problema. E assim, a impressão que tenho é que à medida que os anos se vão nossas diferenças de idade já nem parecem tão díspares.


Quando Jacó menos percebeu seus filhos já eram homens que lutavam e se rebelavam enquanto tomavam suas próprias decisões. Ao ponto até de violarem uma de suas mulheres, como foi o caso de Rubem. Quando menos percebemos nossos filhos já estão sob o peso dos mesmos problemas que nos afligem... e percebemos que já não somos mais os mesmos.  Agora tocando projetos espirituais similares não éramos mais aquelas mesmas pessoas. E que ironia, quando ela estava implantando a igreja de Encarnação de Salinas eu estava na luta pela implantação da igreja de Novo Horizonte. E no momento que sua luta é terminar a igreja de Mutá eu estou na luta para terminar o projeto da Fazenda Garcia. É, parece que a cada dez anos sai uma pessoa e entra outra em nosso lugar. Por isso sinto que já não somos as mesmas daquele distante 1962. Na verdade a cada temporada de vivência sentimos que ao virar de cada página já não somos mais os mesmos... ou mesmas. Você sabe o que eu quero dizer.

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