quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

ELE VAI CONSEGUIR VIRAR ESSA PÁGINA

Eu gosto muito do mar, mas, ele lá, e eu cá. Já escapei de morrer afogada três vezes e não gosto nem de me lembrar dessas terríveis experiências que passei. Ainda mais que nas três vezes eu era jovem e foi mais fácil achar quem quisesse me salvar...

Bem, deixando a brincadeira de lado, respeito muito quem tem amor por essa obra prima da criação. Principalmente quando se trata de pessoas que viveu toda sua vida em torno dele e de lá tirou o seu sustento e de sua família, como foi o caso de meu padrasto. Por isso, no recesso de carnaval em que fui visitá-lo em sua recuperação da isquemia que o acometera levei-o a passear pelas redondezas de Pirajuía. Na ocasião fiz-lhe mais outra surpresa  conduzindo-lhe até à praia para que ele matasse a saudade do mar. Pensei como eu gostaria de, se algum dia chegasse àquela idade, tivesse também alguém que respeitasse meus gostos e se propusesse a levar-me para satisfazê-los. Seria o caso de fazer aos outro o que gostaríamos que fizessem conosco, como Jesus ensinou. Tive o maior prazer em ver-lhe a fisionomia satisfeita em reconhecer seu barco ancorado ao longe. Convidei-o para descer do carro e sentir nos pés a areia molhada tão sua conhecida. Ele não quis. Não sei o motivo. Só sei que ele não tirou os olhos do mar um segundo sequer.  A maré estava baixa e ele previu com precisão a hora certinha em que ela estaria ao pé. Coisas de velho pescador.


Bem, pelos motivos que já descrevi acima, o mar não é o meu maior prazer. O que não quer dizer que eu não o admire e não desfrute de passeios aquáticos. Em águas rasas, que fique bem claro. Sinto mais falta das pedras. Amo rochedos. Amo as rochas. Sou fascinada por elas. Respeito-lhe a solidez e a grandeza à qual Jesus comparou a confirmação da sua Igreja (Mt. 16:18). Mas, como respeito é bom e todo mundo gosta, senti muito prazer em compartilhar com meu padrasto dos seus sentimentos em relação ao mar. Algo que de forma independente já fez parte diária de sua vida e que agora só estaria perto de seus olhos pela boa vontade de alguém que respeitasse sua paixão e se propusesse a levá-lo até ele. Sinta-lhe a emoção nestas fotos daquele raro momento.  Ele vai conseguir virar essa página!










Foto: Isabel Souza  (Pirajuía 7/02/16)          Foto: Isabel Souza   

Um comentário:

  1. Que beleza Bel.
    Também quero que um dia (ainda distante), quando precisar, merecer que alguém com amor me conduza por lugares que gostava de estar.
    Abç

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