quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O TESOURO DE ANANIAS

Cresci, como muitos já sabem, em meio a muitos livros. Mas muitos livros mesmo! Os bibliófilos ficavam loucos quando tinham contato com as obras que meu primo Ananias tinha em sua coleção particular. Sem falar nos discos. Sua discoteca era repleta do que hoje é objeto de colecionador. A trilha sonora de Peter Gunn e outros vários clássicos das séries americanas de maior sucesso daqueles tempos fazia parte de sua coleção. Da MPB, tudo que hoje é raridade, era corriqueiro na época entre os seus pertences.

Quando hoje me deparo com artigos e documentários e reconheço todas aquelas obras musicais e literárias e me lembro de que já os li, e ouvi, em sua maioria, fico pensando no quanto daquele tesouro eu já tive em minhas mãos sem me dar conta de que um dia eles valeriam uma boa soma em dinheiro. Era um tesouro inestimável. Jamais pensaríamos que tudo aquilo teria tanto valor monetário algum dia. 

Bem, Ananias já se foi e seu tesouro deve estar por aí valorizando a coleção de quem os possui. Mas uma coisa eu posso ficar tranquila e me dá muita alegria. Da minha coleção atual eu possuo uma obra maravilhosa, insubstituível e de maior valor. Essa raridade é composta de sessenta e seis livros reunidos em um só caderno. Vocês já sabem do qual estou falando. Muitos a tem eternamente aberta em cima de móveis onde ela faz o papel de porta-poeira, ou de amuleto, dando ao seu possuidor um falso sentimento de segurança. Sem ter suas páginas viradas ela permanece inerte, às vezes, por anos a fio, como se fosse um sentinela desgastado e cansado, impedido de desempenhar o seu verdadeiro papel  na vida das pessoas que habitam aquele local.               
Vire essa página!


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