TODOS QUEREM UMA
HISTÓRIA
Em 1985 fui ao Rio de Janeiro com
minha mãe para realizar a façanha de desvendar minha história. Por alguns dias tentei resgatar aquilo que me
incomodava muito naquela época. Queria saber pelo menos de quem, na terra, eu
viera. Já que depois daqui eu sei muito bem para onde eu vou. Não era uma mera
curiosidade filosófica. Era biológica mesmo. Primeiro minha mãe tentou
encontrar meu pai através de algum vestígio que ele por ventura tivesse deixado
de sua passagem por Bom Sucesso. Nada. Depois de alguns dias e peripécias
finalmente conseguimos encontrar a filha de uma de suas amigas dos idos de 1955
e 1956 que o vira fazia dois anos. Prometeu que na próxima vez que o
encontrasse lhe daria a notícia que ele tinha uma filha e netos que moravam na
Bahia.
Seis anos se
passaram. Por essas voltas que o mundo dá, aqui em Salvador, minha mãe, em uma fila sabe-se lá de que, conheceu um carioca de passagem pela Bahia que
afirmou ter visto uma reportagem na revista Manchete de fevereiro de 2001 (já
estávamos em dezembro desse ano) acerca de assuntos relativos ao carnaval
daquele ano em que meu pai estaria no entorno de uma das questões. Já consegui
a revista e, lá, também, não encontrei nada...
Dois mil e quinze está findando.
A cada ano conheço e faço novas e boas amizades. Muitas coisas novas, boas ou
não, acontecem e outras se renovam na
minha vida. Ano vem, ano vai, e até hoje não consegui encontrar meu pai.
Há alguns anos tive uma conversa não muito
agradável com uma pessoa que insistia que sentia falta de uma história em sua
vida. Queixava-se de um vazio que nunca seria preenchido por não ter sido
criada em um lar biológico. Embora em seu lar não biológico tenha tido tudo o
que a maioria das pessoas mais deseja ou sonha na vida. Nada lhe faltou. Quase
que eu lhe perguntei se ela não queria trocar de história comigo. Sabe aquele
filme “Brilho eterno de uma mente sem lembrança?” É mais ou menos por aí. Se eu pudesse eu
apagaria essa história feita de buscas sem achados e perguntas sem respostas das
minhas lembranças. Mas não dá. Prosseguindo, ela me disse que todo mundo tem
direito a uma história. Se pudesse trocar ou vender será que ela compraria ou
trocaria a minha pela dela? Virar páginas vivendo a história que eu vivi e não
sucumbir á loucura e depressão, em meio
tanto desprezo e rejeição, só mesmo para quem tem um Deus muito forte e poderoso.
Eu acredito em Deus! Acredito no Deus que diz
em Hebreus 11:16 que Ele não sente vergonha de nós quando o chamamos de nosso
Deus. Principalmente por poder chamá-lo de Pai. Por isso eu já parei com essa
mania de “querer” uma história que não dá mais para construir. Prefiro viver as
que meu Pai reservou para mim aí pela frente. Amo desafios! E como amo...
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