terça-feira, 28 de junho de 2016

O MEDO DE CADA UM


Minha colega de quarto desceu para comprar algumas lembranças com uma vendedora ambulante instalada próximo ao local onde estávamos hospedadas. Não demorou muito e ela retornou com o semblante temeroso. Ela estava muito espantada. Meu cérebro ligou o sinal de alerta e, temi por antecipação, na expectativa do que ela iria me contar sobre o que aconteceu no trajeto para ela voltar tão rápido. E ela sussurrou quase sem voz com aquele lindo sotaque maranhense:
                                                                        
- “Bel, tu não imaginas o que aconteceu por lá!” - Respirei e aguardei o relato.
-“O tabuleiro da vendedora, Bel! Tu precisavas ver. Tudo tremendo!”                            
- Tremendo como criatura? - Quis saber com mais detalhes.

Então ela me explicou que, enquanto escolhia algumas bijuterias para suas irmãs, os produtos do tabuleiro corriam para lá e para cá sem que a dona dos artefatos se importasse de tão acostumada que estava com aquele fenômeno.

Sim, estávamos em Valparaíso, cidade situada a 115 quilômetros de Santiago, a capital do Chile. Há poucos dias, quinze, para ser mais precisa, houvera um  terremoto e a cidade ainda estava sob alerta de tsunami. Minha amiga ficou intrigada com a naturalidade com que os moradores lidam com essas calamidades. Para eles a iminência de um desastre dessa natureza já faz parte do cotidiano e eles convivem normalmente com isso. Ela me disse que jamais se acostumaria com aquilo. Mas eu lhe lembrei. Conosco não é diferente. Em nosso país acordamos todos os dias certos de que, ao final de cada um deles, tragédias serão noticiadas nas quais, famílias terminarão esses dias enlutadas ou, no mínimo, angustiadas por dramas causados por todo tipo de violência. Imagine que muitos vivem em locais em que, ao entrar  na rua em que moram, tem que fazer uma “varredura” antes de se aproximar de suas residências. E depois que chegam ainda tem que está com as chaves em punho e entrar correndo em casa como se estivessem passando por uma zona de guerra.


Isso não é vida! Mas,  como aquela mulher que convive tão naturalmente sob os tremores  lá no Chile, vamos vivendo aqui com nossos flagelos sociais onde muitos já aceitam como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Sonho com o dia em que vamos virar essa página, ou seja, quando estivermos em nossa morada que Cristo foi nos preparar. Por que aqui, meu, amigo, cada tem que sobreviver convivendo com seus medos. Ainda bem que temos ao nosso dispor o consolo de termos um Deus que nos ampara.

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