sábado, 24 de outubro de 2015

DEUS ABENÇOE O TALENTO
No livro 1929, de Ivan Sant’Anna, temos uma leitura em linguagem acessível que dá para entender toda a tragédia que se abateu sobre o povo americano nesse ano marcado pela grande e grave queda da bolsa de Nova York. Das histórias com trajetórias que prende o leitor do princípio até o fim, mesmo para quem não entende muito de finanças como eu, colhi uma entre tantas que, de tão proveitosas para reflexão, nos ensina o que é a vida.

Bem, assim vamos tirar o exemplo de Israel Baline, que adotou o nome de Irving Berlin, o qual, segundo Sant’Anna, chegou ao Estados Unidos com cinco anos fazendo parte de uma família de judeus russos composta por marido, mulher e seis filhos. Aos sete anos vendia jornais nas ruas e aprendeu inglês em uma escola pública.  Quando o pai veio a falecer, por conta de uma bronquite, Irving abandonou a família e a escola e foi morar nas ruas e albergues públicos. Começou sua vida artística cantando em bares de Nova York onde a família se instalara. Ao progredir na carreira, de um contrato de vinte e cinco dólares semanais veio a ganhar fortunas e mais fortunas com suas canções. Mesmo assim não conseguiu alcançar a aprovação de seu sogro quando em seu segundo casamento,  catorze anos após ficar viúvo, desposou a filha do magnata dos telégrafos, Clarence Mackay. Este o desaprovava por considerá-lo de categoria inferior; ser judeu;  ser artista e ainda por cima ser dezessete anos mais velho que a noiva. Clarence, o preconceituoso pai, não compareceu à cerimônia. Também não foi conhecer a primeira neta que nasceu em 1926. Muito menos o neto que nasceu em 1928 e morreu com 25 dias na noite de natal. Nem ao enterro ele compareceu mesmo sendo católico praticante.

Veio a grande depressão. Mackay, vencido pela pressão de ver seus amigos investindo fortunas na bolsa também resolveu entrar de cabeça vendendo seu controle acionário na empresa por 300 milhões de dólares. Viu-se, no final daquele desastre financeiro,  morando na casa da entrada de sua mansão que era destinada ao porteiro nos dias de glória porque ninguém queria comprá-la e ele não tinha dinheiro para mantê-la. Ele chegou a ter 134 empregados. A casa principal foi toda saqueada.      

No final dessa história Irving Berling, o genro desprezado, também perdera tudo e ficou tão pobre como no começo de sua vida no início da carreira. Todavia o talento o salvou. Ele continuou recebendo direitos autorais de suas canções novas e antigas e por meio desse dom ele refez toda sua fortuna. Ora, tempo não lhe faltou para isso porque ele viveu 101 anos. Quanto ao sogro, quando este ficou viúvo, ao casar-se novamente, convidou o genro que então ganhava dinheiro “aos borbotões”. Este lhe deu de presente um milhão de dólares para que o sogro refizesse sua vida com a nova esposa que, aliás,  já era sua amante antes de sua esposa falecer.


Talento! Cultive-o. Não deixe que o inclemente tempo o dissolva junto com as brumas do tempo que se esvai. Não deixe que suas páginas voem soltas por aí. Vire-as na certeza de que se Deus lhe deu algo com que sobreviver é para ser usado. Deus abençoe o talento!

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

JUNTE OS BONS
Houve um gestor público que foi interpelado por não ser visto em reuniões informais com membros de sua equipe. Sua resposta mais que imediata foi: “Seja na vida pública, seja na vida privada, eu não levo os amigos do trabalho para minhas festas e nem levo os meus amigos de festa, para o trabalho. Faço questão de deixar isso bem separado”.

Não o conheço de perto para checar a veracidade dessa declaração, mas uma coisa é certa: Tomei-a como exemplo praticar aquilo daquela data em diante. E por que? É que não havia passado muito tempo depois daquela entrevista que eu fizera parte de uma equipe que iria avaliar um novo colaborador para nosso setor e uma colega foi logo me advertindo: “Já sei quem você vai escolher!”.

Sim, ela tinha razão. Houve uma época em que eu era sempre solidária em escolher o mais simples; o mais aparentemente necessitado; o mais isso e mais aquilo que estivesse dentro desse padrão social. Ao final a realidade demonstrava que trabalho é lugar... de trabalho! E lugar de trabalho pede trabalhador. Gente que esteja além daquele clichê que o apresenta com um currículo onde ele se vende como o último brigadeiro de festa de criança. Houve em certa empresa o caso de um que depois de contratado disse, mesmo em tom de pilhéria, que “toda vez que procurava emprego só achava trabalho”.

Na equipe de Jesus tinha de tudo, menos preguiçoso. Nem Judas Iscariotes, mesmo porque, afinal, ele tomava conta de dinheiro. E dinheiro exige muita VIGILÂNCIA!    

Na igreja, no trabalho e em qualquer situação que exija uma equipe que precisa apresentar resultados para alcançar objetivos vamos juntar-nos aos bons ou juntar os bons, para virar páginas com sucesso. Dependendo do patamar que estivermos dentro do cenário, dá no mesmo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

BROCAS DE PERFURAÇÃO

Durante a perfuração de um poço de petróleo é usada uma grande variedade de brocas. Elas são manufaturadas para cada tipo de formação e para todos os diâmetros de poços. Estão classificadas quanto à sua dureza e fabricadas para perfurar formações moles, médias, duras e para toda variedade de formações intermediárias entre estas. A função delas é a de triturar o fundo do poço. É interessante  saber que durante o processo de perfuração das formações rochosas essas ferramentas possuem dentro de sua estrutura peças chamadas de “jatos”. Esses jatos exercem a função de conduzir a lama de perfuração com impacto suficiente para que, conforme for perfurando, também venha arrastando os cascalhos para a superfície, mantendo o fundo limpo.
 Incrível como Deus também realiza o mesmo processo conosco. Só ele é capaz de enxergar em meio a uma lama preta de pecado, inundando o fundo rochoso do nosso coração de pedra, algo que possa ser agregado algum valor. E também, só Ele, é perfeitamente capaz para triturar esse terreno pedregoso, na medida certa, independente de sua intensidade, ao mesmo tempo em que também vai retirando os cascalhos para superfície mantendo limpo o fundo dos nossos corações. Este é o precioso trabalho realizado pelo Espírito Santo em nossas vidas.

Um jovem trabalhava em um estabelecimento comercial antes de tornar-se cristão desenvolvendo, com os demais colegas, o triste hábito de enganar o patrão nas atividades que ele desempenhava como vendedor e caixa ao mesmo tempo. Em contato com o verdadeiro Deus, a partir dos primeiros estudos bíblicos, resolveu abandonar o terrível costume. Em seu testemunho, na época de seu início na vida cristã, ele revelou que teve que abandonar o trabalho, pois, já não conseguia mais exercer o controle sobre seu comportamento de tão enraizado que estava. Então se afastou por conta própria até que conseguiu libertação. Não sem muita oração e jejum, segundo nos contou. Confiante em Deus passou a seguir o conselho que encontramos em I Pedro 4:15: “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou mau feitor, ou como se entremete em negócios alheios”. Essa, definitivamente, não é uma boa maneira de virar páginas.





terça-feira, 13 de outubro de 2015

“OS ANDRADAS NUNCA SE PREOCUPARAM COM DINHEIRO”

Pode realmente alguém não se preocupar com dinheiro? Bem, segundo a obra de  onde tirei este relato, A feijoada que derrubou o governo, de Joel Silveira,  dos Andradas do império houve um descendente que bem representava o nome da família. Antonio Carlos, de presidente da Câmara de Deputados a chefe da Aliança Liberal teve uma carreira política brilhante em Minas Gerais além de ter sido também jornalista e funcionário público. Tido como um homem fino, elegante e de bom humor ao deixar, em 1918, o Ministério da Fazenda surpreendeu o presidente da Companhia Sul América quando este soube que, como segurado, aquele homem preiteava um empréstimo.                                                                                                            
Segue o relato dizendo que o presidente da seguradora, Moreira Magalhães, ficara estupefato com aquilo porque sabia que pelas mãos daquele Andrada passara, durante a Primeira Guerra Mundial, todo o dinheiro do país. De 1914 a 1918 ele tivera ordem de sacar contra todos os bancos da nação! Pois é!  Das várias outras qualidades daquele homem ele soube honrar o nome da família quando saiu de um cargo ambicionado e, de onde poderia ter saído abarrotado de dinheiro,  saiu da mesma maneira que entrou. Então o autor confirma o que diziam daquela linhagem: “Os Andradas nunca se preocuparam com dinheiro”. Convidado a comparecer à sede da companhia por seu presidente foi-lhe pedido que explicasse porque precisava com urgência daquela quantia. Depois de explicar recebeu o abraço do Dr. Magalhães que lhe disse: “Quero abraçar o homem que após deixar o Ministério da Fazenda vem nos pedir sete contos de réis emprestados”. Alguns meses depois ele passou a fazer parte do conselho consultivo da empresa e, em 1924, foi escolhido para ser um de seus diretores.                                                                  
A letra da canção: “Eu quero ser um vaso de honra moldado pelo Senhor com a mensagem de amor e esperança aos homens por onde eu for.” Sim, a mensagem é esta. Apesar da longa data que se passou desde aquele Andrada até hoje cremos, que neste tempo em que vivemos, ainda restam homens que podem ser transformados em vasos de honra moldado à imagem e semelhança do caráter de Deus, como era no início. É difícil, mas não é impossível. Temos visto de vez em quando exemplares da raça humana devolvendo carteiras e até maletas repletas de dinheiro dando sinal que ainda vale a pena continuar virando páginas com esperança e confiança na humanidade.
                                  


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

FALCÃO PEREGRINO

O falcão peregrino é a ave mais rápida do planeta. Quando estabelece seu habitat nas grandes cidades alimenta-se especialmente de pombos por serem facilmente encontrados nos grandes centros urbanos. Em vídeo documentário podemos assistir à forma inteligente com que esta ave caça sua presa. No Central Park de Nova York, por exemplo, ele pode ser observado de forma mais minuciosa por estudiosos, pois fixam seus ninhos no alto de imensos prédios. De lá os pesquisadores acompanham seu comportamento peculiar.
Esta fabulosa ave de rapina estuda detalhadamente o movimento dos pombos. De longe calcula a distância e o comportamento de seu futuro alimento. Quando os pombos saem em revoada formam um bloco circular, alternando-se em suas posições, no intuito de confundir e dificultar a ação de seus predadores. Mas de nada adianta essa estratégia. Nessa hora, entra em funcionamento o instinto do animal talhado para jamais perder uma viagem. Com o uso apenas de seus recursos naturais o falcão peregrino localiza com precisão o componente que está mais afastado do grupo e, vorazmente, em fração de segundos, dá um mergulho colossal arrebatando-o.
O mais impressionante nesse momento é ver a fêmea, que até então parecia uma mera espectadora da façanha, entrar também em cena deixando por alguns instantes seus filhotes. Ela desce para receber do bico do macho a presa em pleno voo levando-a para seus famintos e insaciáveis filhotes. Todo o desempenho parece um número exaustivamente ensaiado de acrobatas de um espetáculo com voos sincrônicos; objetivos bem definidos; desfecho previsível e de concretização infalível.
É inevitável não nos lembrarmos de alguns acontecimentos no entorno de nossas vidas. Como nos arrepiamos só em pensar que neste momento pode ter “alguém” que quer nos tragar em pleno voo para sermos destruídos por um algum inimigo ou, pelo maior deles, em manobras acrobáticas que podem gerar páginas das quais só o Deus que “quebra o arco; despedaça a lança e queima os carros no fogo” pode nos livrar.



CHÁ DE CADEIRA

A impontualidade brasileira é reconhecida mundialmente. Esse hábito, segundo alguns historiadores, começou nos tempos do império, pois, os nobres consideravam-se superiores aos demais mortais e acreditavam que esperar era para os súditos. Assim, se alguém do povo solicitava audiência, eles, os nobres, faziam questão de atrasar-se o tempo suficiente para evidenciar sua importância. Enquanto não eram recebidos os súditos esperavam sentados em cadeiras e lhes era oferecido chá.

Não parece que alguns momentos ou em algumas circunstâncias de nossas vidas temos a impressão de que estamos tomando um “chá de cadeira”?  Que tudo parou ao nosso redor e que nada acontece? Bem, sabemos que temos um Deus cuidadoso e que jamais no faria esperar só pelo prazer de presenciar nossa aflição. È que Ele, e só Ele, na sua infinita sabedoria, sabe o melhor tempo para nos conduzir à vitória que almejamos. Porém, de cá, só sabemos reclamar!
Quando Naamã (2 Reis 5:10) foi aconselhado a lavar-se sete vezes no rio Jordão  não poderia o Senhor curá-lo logo no primeiro mergulho, ou melhor, sem mergulho nenhum, conforme vários milagres demonstrados no Livro Sagrado? Mas o que foi ensinado ali, dentre outras lições, foi o exercício da paciência, verdadeira moldura da fé. Agora vamos para a reação de Naamã: contestou e chegou mesmo a desdenhar daquelas águas enaltecendo os rios de sua terra. Mas, tivesse Naamã desistido logo no primeiro mergulho, já que ficou indignado com a ordem recebida de Eliseu e só obedeceu a pedido de seus servos, e tudo estaria irremediavelmente perdido. Até mesmo se no sexto mergulho ele tivesse desistido sua lepra teria se perpetuado em sua vida. O milagre que o esperava dependia única e exclusivamente de sua paciência em esperar o tempo de Deus.

“Muitos meses se passaram depois da chegada de Paulo à Roma, antes que os judeus de Jerusalém aparecessem pessoalmente para apresentar suas acusações contra o prisioneiro. [...] A demora lhes favorecia o objetivo, visto que lhes proporcionava tempo para aperfeiçoar e executar seus planos; e assim esperaram algum tempo antes de levarem pessoalmente suas acusações contra o apóstolo. Na providência de Deus, essa demora resultou no avanço do evangelho. Pelo favorecimento daqueles que tinham Paulo por sua guarda, foi-lhe permitido morar em uma casa cômoda, onde podia encontrar-se livremente com seus amigos e também apresentar diariamente a verdade aos que o iam ouvir. Assim durante dois anos continuou suas atividades, virando suas páginas de evangelista sem impedimento algum” (White, Ellen G.Atos dos Apóstolos, p.254).

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A MORADA DO ÓDIO


Em novembro de 2006 Mike Tyson recebeu o título mundial de campeão dos pesos pesados. Em junho de 1997 ele voltou a disputar o título.  Seu adversário era o mesmo que ele havia derrotado no ano anterior, Evander Holyfield. Era uma revanche. No auge da luta, por temer que o título lhe escapasse e não atingisse uma nova vitória sobre o adversário, Tyson desferiu-lhe uma mordida na orelha arrancando-lhe um pedaço. Holyfield já teve a orelha reconstituída por uma cirurgia plástica que a deixou quase perfeita. Mas em suas entrevistas deixa sempre aflorar todo o ódio que aquele incidente deixou plantado em sua mente.

Jacó teve medo de Esaú (Gênesis 33:1). Quando retornou de Padã-Arã,  avistando-o de longe,  percebeu que este vinha acompanhado de quatrocentos homens.  Usou de estratégia para ver qual era a intenção de seu irmão. E se o ódio despertado no passado ainda não tivesse amainado? Por via das dúvidas repartiu os filhos entre Lia e Raquel e as duas servas. Passou adiante. Inclino-se à terra sete vezes. Finalmente encarou o irmão. Frente a frente agora. Era tudo ou nada. “Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram”.

Infelizmente nem todas as mágoas e ressentimentos são resolvidos desta forma maravilhosa. De orelha arrancada à dentada, às mortes e outras variadas formas de atitudes atrozes a humanidade vai destilando o veneno do ódio pelas páginas da história. O mundo se transformou na morada do ódio. “Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu até vós, e tem grande ira[...]” (Apocalipse 12:12). E este ódio tem se multiplicado como semente de erva daninha na terra dos seres viventes. E o que se ganha com isso? Doenças, tristezas, discórdias, desuniões. Famílias e amizades despedaçadas por causa de um sentimento que não leva a nada. Que faz mais mal a quem sente do que a quem é endereçado.


Quando jovem, conheci uma senhora que juntou todas as suas economias para montar uma pequena loja de sapatos. Com toda sua energia ela se dedicava a este pequeno comércio dizendo que iria provar a seu ex-marido que ficaria acima dele financeiramente. Vingar-se do abandono que sofrera era o mote de seus pensamentos. Em cada compra que fazia para sua loja ela já antevia os lucros que iriam levá-la à desforra. Mas o empreendimento não deu certo e ela já se foi deste mundo. Morreu sem ver seu ódio produzir efeito. Nem poderia, pois o ódio não leva a nada. Só serve para estagnar a vida de quem a ele se dedica colando páginas como em alguns livros que precisam ter algumas folhas rasgadas para que não haja interrupção da leitura. Vire essa página.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

HAVIA UM TERREMOTO E UM TSUNAMI NO MEIO DO CAMINHO

No início era um entusiasmo só. Uma viagem que se prenunciava inesquecível pela oportunidade de apresentar um trabalho fora do país. Quando cada um de nós recebia o “aceite” da Universidade de Playa Ancha, em Valparaíso, no Chile a vibração tomava conta. Pelo menos para mim, marinheiro de primeira viagem, era o resultado do resultado. Mas aí a notícia: tinha um terremoto e seu companheiro marítimo, o tsunami, a caminho.
As notícias seguidas de fotografias nos jornais e revistas davam conta de que a qualquer momento eles poderiam retornar. E então, pouco a pouco, só se via participantes entrando no grupo para postar que por “motivos pessoais” sentiam muito, mas não poderiam estar presentes. Quanto aos meus mais chegados, sentia-lhes o medo e o receio estampado no rosto. Enquanto uns diziam que terremotos não se sucediam assim em tão curtos espaços de tempo, outros se sentiam sem muito que dizer. E assim parti em uma comitiva de oito pessoas e um só destino.  Lá, por onde passávamos víamos placas de sinalização indicando as rotas de evacuação e, em alguns casos os textos explícitos diziam “em caso de tsunamis” tome este caminho.

Tem horas que não dá para ficar pensando no que teria sido se tivesse feito ou no que teria sido se tivesse ido. Por isso, aqui está um aviso:
 




Tem horas que não é nem uma questão  de medo ou coragem como fatores opcionais. É ir para ver no que vai dar. E assim, por isso, fui e virei mais uma página. E também por isso, aí nesta foto abaixo, estou eu em um dos dias de minha participação no evento. Havia um terremoto e um tsunami no meio do caminhoNo meu caminho não... não havia....



sábado, 3 de outubro de 2015

ORGANIZE-SE

Desde que completou 16 anos Santino mantém a mesma rotina: começa o dia calmamente procurando e separando pedras para atirá-las nos passantes. No início ele contentava-se apenas com as que estavam facilmente ao seu alcance, mas logo aprendeu que batendo com força em alguns pontos fracos das rochas ele conseguiria mais “munição”. Finalmente ele passou a esculpi-las até que atingissem um formato parecido com discos. Se isso obedece a algum conhecimento instintivo de aerodinâmica a edição da revista Current Biology, que deu origem ao artigo da extinta revista A Semana, edição 79, não esclarece, porém, o professor Joseph Call, do Instituto Max Plank de Antropologia de Leipzig, na Alemanha, assegurou ao periódico que as atividades de Santino caracterizam o primeiro registro de uso de uma ferramenta para um objetivo futuro por um animal. Isso mesmo! Santino nada mais é que um chimpanzé de 30 anos (em 2010 mais ou menos), que vive no zoológico de Furuvik, na Suécia.
O cientista deixou claro que o uso de objetos por animal em seu ambiente natural não é novidade. Também que atacar com pedras é um comportamento de dominação e proteção territorial comumente observado em chipanzés. O inusitado nesse caso é que Santino antecipa seu provável estado mental futuro. Uma habilidade difícil de comprovar em animais. Isso quer dizer que Santino se planeja e se organiza com antecedência para suas atividades diárias. Pelo menos nesse caso, o macaco está certo!     
Enfim, o que tiramos disso? Eu diria o seguinte: se um animal consegue desenvolver esta habilidade porque nós que nos regozijamos de nossa singularidade racional não conseguimos, em esmagadora maioria, nos organizarmos para facilitar nossa jornada. Quanto desperdício de dinheiro; de tempo; de mais infinitas coisas que se resumem na palavra vida. Olha um macaco nos ensinando a virar páginas com mais sabedoria. Eu que o diga, pois só aprendi a me organizar depois de anos e anos amargando prejuízos de todos os tamanhos.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

PODER, EFÊMERO PODER! 
O jornalista Eugênio Bucci na página 89 de seu livro Em Brasília 19 horas narra-nos um fato interessante que nos dá um vislumbre da efemeridade do poder. Ele nos conta sobre o dia 19 de novembro de 1987 quando um público selecionado assistia à cerimônia de posse para presidente da Empresa Brasileira de Notícias (EBN). Quem estava tomando posse era um jornalista que já presidira a Radiobrás. A cerimônia aconteceu no palácio da justiça sob o comando de seu próprio ministro que previamente já havia avisado ao empossando que não abriria mão de indicar-lhe seus subordinados e que inclusive “exerceria o comando efetivo sobre a gestão da empresa”.
Aí veio o problema: Em seu discurso de posse o jornalista inventou de declarar sua intenção de escolher ele mesmo seus diretores na presença do ministro que, sentindo-se desacatado, esperou o término da fala do empossado e, sem rodeios, fez o seguinte pronunciamento: “Na solenidade de hoje dei posse ao jornalista fulano como presidente da EBN e, neste instante, eu o demito. Declaro encerrada a sessão.” O presidente só ficou alguns minutos no cargo. Do mesmo palco ao qual subiu para tornar-se o maioral daquele órgão, hoje também extinto, desceu sem nem ao menos poder sentir o gosto das felicitações e dos abraços de seus possíveis congratuladores.   
O título dessa reflexão bem que poderia ser, “Poder, para que te quero” ou, quem sabe, “Canibalismo corporativo”, tirado da mesma obra, mas não tem como não nos reportarmos ao caráter predominante do episódio que é a forma como o poder passa e, por vezes de forma tão rápida, que se torna absurda.                                     
Leio e releio sempre esse episódio porque senão eu penso que foi apenas devaneio e que isso não aconteceu de verdade. Relendo me convenço que a vida é assim mesmo. E se assim ela é, não entendo como é que algumas pessoas ainda continuam a se prender a cargos e poder como se isso nunca fosse ter fim. Como se a própria vida não fosse dar um “pause”.                                                                                        
Ao findar de sua passagem, com sucesso, pelo mundo, o rei Salomão disse que teve tudo o que queria, mas que tudo não passara de canseira e enfado e que tudo, mas tudo mesmo, tinha sido só vaidade e correr atrás do  vento...                                                    

Ele sabia do que estava falando.


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

ACHISMO

No livro História Antiga e Medieval de José Jobson de Andrade Arruda nos informamos que, ao tomar uma cruz como símbolo, em 1905, o papa Urbano II, a pedido do imperador bizantino Aleixo I Comneno, convocou os fiéis cristãos para uma guerra santa contra o Islão. Foram liderados por um místico conhecido como Pedro, o Eremita. Sem organização; sem armamento e sem qualquer sistema de abastecimento, a primeira cruzada, conhecida como Cruzada dos Mendigos foi totalmente destruída ao chegar à Ásia Menor. Depois dessa, mais sete cruzadas foram instituídas. Todas infrutíferas.


À luz desse historiador as razões do insucesso deveram-se ao caráter superficial da ocupação e da anarquia que reinava entre as ordens religiosas, ou seja, a obra foi destruída pelos próprios organizadores. Basta citar o registro de que nessa época havia dois papas  devido a conflitos internos da igreja. Medindo forças entre si cada um queria mostrar sua legitimidade através de ações que vendesse a ideia de força e poder junto ao povo. Imperava, então, o “achismo”.


Foi assim que em 1212, instituiu-se a quinta cruzada, que ficou conhecida como a Cruzada das Crianças. Achavam os cristãos que os jovens, inocentes e sem pecados, conseguiriam vencer os muçulmanos e recuperar Jerusalém. Embarcados em Marselha os jovens aportaram em Alexandria onde foram vendidos como escravos.


Saulo achava que estava cumprindo seu dever ao perseguir os cristãos (Atos 9:1-2). Saul achou que não seria necessário esperar Samuel para realizar o sacrifício (I Samuel 13:8-13). Ester, a princípio, achou que não poderia interceder por seu povo junto ao rei Assuero (Ester 4). E no decorrer da história da humanidade muitos outros acharam, acharam; e muitos de nós, até hoje, também, achamos, achamos... O mundo está repleto de histórias com finais dantescos por conta do achismo.


Em um belo lar cristão um agente do mal, disfarçado de amigo da família, mesmo sem compartilhar da mesma crença, foi admitido para conviver, segundo o que ele afirmava, por um breve tempo. Favores profissionais foram oferecidos, e aceitos, estrategicamente concedidos à espera de reciprocidade futura. E esse futuro chegou mais cedo do que todos os que haviam alertado àquela família esperavam. Para as evidências e consequências que se avizinhavam a resposta era: No nosso entender achamos tudo perfeitamente normal. O resultado daquilo que os donos da casa achavam estar imbuído do melhor caráter de normalidade foi o que propiciou a destruição daquele lar. Separação; filhos desestruturados; falência moral, financeira e social. Tudo por conta do achismo. Achismos não ajudam a virar as boas páginas da vida.