sexta-feira, 2 de outubro de 2015

PODER, EFÊMERO PODER! 
O jornalista Eugênio Bucci na página 89 de seu livro Em Brasília 19 horas narra-nos um fato interessante que nos dá um vislumbre da efemeridade do poder. Ele nos conta sobre o dia 19 de novembro de 1987 quando um público selecionado assistia à cerimônia de posse para presidente da Empresa Brasileira de Notícias (EBN). Quem estava tomando posse era um jornalista que já presidira a Radiobrás. A cerimônia aconteceu no palácio da justiça sob o comando de seu próprio ministro que previamente já havia avisado ao empossando que não abriria mão de indicar-lhe seus subordinados e que inclusive “exerceria o comando efetivo sobre a gestão da empresa”.
Aí veio o problema: Em seu discurso de posse o jornalista inventou de declarar sua intenção de escolher ele mesmo seus diretores na presença do ministro que, sentindo-se desacatado, esperou o término da fala do empossado e, sem rodeios, fez o seguinte pronunciamento: “Na solenidade de hoje dei posse ao jornalista fulano como presidente da EBN e, neste instante, eu o demito. Declaro encerrada a sessão.” O presidente só ficou alguns minutos no cargo. Do mesmo palco ao qual subiu para tornar-se o maioral daquele órgão, hoje também extinto, desceu sem nem ao menos poder sentir o gosto das felicitações e dos abraços de seus possíveis congratuladores.   
O título dessa reflexão bem que poderia ser, “Poder, para que te quero” ou, quem sabe, “Canibalismo corporativo”, tirado da mesma obra, mas não tem como não nos reportarmos ao caráter predominante do episódio que é a forma como o poder passa e, por vezes de forma tão rápida, que se torna absurda.                                     
Leio e releio sempre esse episódio porque senão eu penso que foi apenas devaneio e que isso não aconteceu de verdade. Relendo me convenço que a vida é assim mesmo. E se assim ela é, não entendo como é que algumas pessoas ainda continuam a se prender a cargos e poder como se isso nunca fosse ter fim. Como se a própria vida não fosse dar um “pause”.                                                                                        
Ao findar de sua passagem, com sucesso, pelo mundo, o rei Salomão disse que teve tudo o que queria, mas que tudo não passara de canseira e enfado e que tudo, mas tudo mesmo, tinha sido só vaidade e correr atrás do  vento...                                                    

Ele sabia do que estava falando.


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