quinta-feira, 1 de outubro de 2015

ACHISMO

No livro História Antiga e Medieval de José Jobson de Andrade Arruda nos informamos que, ao tomar uma cruz como símbolo, em 1905, o papa Urbano II, a pedido do imperador bizantino Aleixo I Comneno, convocou os fiéis cristãos para uma guerra santa contra o Islão. Foram liderados por um místico conhecido como Pedro, o Eremita. Sem organização; sem armamento e sem qualquer sistema de abastecimento, a primeira cruzada, conhecida como Cruzada dos Mendigos foi totalmente destruída ao chegar à Ásia Menor. Depois dessa, mais sete cruzadas foram instituídas. Todas infrutíferas.


À luz desse historiador as razões do insucesso deveram-se ao caráter superficial da ocupação e da anarquia que reinava entre as ordens religiosas, ou seja, a obra foi destruída pelos próprios organizadores. Basta citar o registro de que nessa época havia dois papas  devido a conflitos internos da igreja. Medindo forças entre si cada um queria mostrar sua legitimidade através de ações que vendesse a ideia de força e poder junto ao povo. Imperava, então, o “achismo”.


Foi assim que em 1212, instituiu-se a quinta cruzada, que ficou conhecida como a Cruzada das Crianças. Achavam os cristãos que os jovens, inocentes e sem pecados, conseguiriam vencer os muçulmanos e recuperar Jerusalém. Embarcados em Marselha os jovens aportaram em Alexandria onde foram vendidos como escravos.


Saulo achava que estava cumprindo seu dever ao perseguir os cristãos (Atos 9:1-2). Saul achou que não seria necessário esperar Samuel para realizar o sacrifício (I Samuel 13:8-13). Ester, a princípio, achou que não poderia interceder por seu povo junto ao rei Assuero (Ester 4). E no decorrer da história da humanidade muitos outros acharam, acharam; e muitos de nós, até hoje, também, achamos, achamos... O mundo está repleto de histórias com finais dantescos por conta do achismo.


Em um belo lar cristão um agente do mal, disfarçado de amigo da família, mesmo sem compartilhar da mesma crença, foi admitido para conviver, segundo o que ele afirmava, por um breve tempo. Favores profissionais foram oferecidos, e aceitos, estrategicamente concedidos à espera de reciprocidade futura. E esse futuro chegou mais cedo do que todos os que haviam alertado àquela família esperavam. Para as evidências e consequências que se avizinhavam a resposta era: No nosso entender achamos tudo perfeitamente normal. O resultado daquilo que os donos da casa achavam estar imbuído do melhor caráter de normalidade foi o que propiciou a destruição daquele lar. Separação; filhos desestruturados; falência moral, financeira e social. Tudo por conta do achismo. Achismos não ajudam a virar as boas páginas da vida. 


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