sábado, 24 de outubro de 2015

DEUS ABENÇOE O TALENTO
No livro 1929, de Ivan Sant’Anna, temos uma leitura em linguagem acessível que dá para entender toda a tragédia que se abateu sobre o povo americano nesse ano marcado pela grande e grave queda da bolsa de Nova York. Das histórias com trajetórias que prende o leitor do princípio até o fim, mesmo para quem não entende muito de finanças como eu, colhi uma entre tantas que, de tão proveitosas para reflexão, nos ensina o que é a vida.

Bem, assim vamos tirar o exemplo de Israel Baline, que adotou o nome de Irving Berlin, o qual, segundo Sant’Anna, chegou ao Estados Unidos com cinco anos fazendo parte de uma família de judeus russos composta por marido, mulher e seis filhos. Aos sete anos vendia jornais nas ruas e aprendeu inglês em uma escola pública.  Quando o pai veio a falecer, por conta de uma bronquite, Irving abandonou a família e a escola e foi morar nas ruas e albergues públicos. Começou sua vida artística cantando em bares de Nova York onde a família se instalara. Ao progredir na carreira, de um contrato de vinte e cinco dólares semanais veio a ganhar fortunas e mais fortunas com suas canções. Mesmo assim não conseguiu alcançar a aprovação de seu sogro quando em seu segundo casamento,  catorze anos após ficar viúvo, desposou a filha do magnata dos telégrafos, Clarence Mackay. Este o desaprovava por considerá-lo de categoria inferior; ser judeu;  ser artista e ainda por cima ser dezessete anos mais velho que a noiva. Clarence, o preconceituoso pai, não compareceu à cerimônia. Também não foi conhecer a primeira neta que nasceu em 1926. Muito menos o neto que nasceu em 1928 e morreu com 25 dias na noite de natal. Nem ao enterro ele compareceu mesmo sendo católico praticante.

Veio a grande depressão. Mackay, vencido pela pressão de ver seus amigos investindo fortunas na bolsa também resolveu entrar de cabeça vendendo seu controle acionário na empresa por 300 milhões de dólares. Viu-se, no final daquele desastre financeiro,  morando na casa da entrada de sua mansão que era destinada ao porteiro nos dias de glória porque ninguém queria comprá-la e ele não tinha dinheiro para mantê-la. Ele chegou a ter 134 empregados. A casa principal foi toda saqueada.      

No final dessa história Irving Berling, o genro desprezado, também perdera tudo e ficou tão pobre como no começo de sua vida no início da carreira. Todavia o talento o salvou. Ele continuou recebendo direitos autorais de suas canções novas e antigas e por meio desse dom ele refez toda sua fortuna. Ora, tempo não lhe faltou para isso porque ele viveu 101 anos. Quanto ao sogro, quando este ficou viúvo, ao casar-se novamente, convidou o genro que então ganhava dinheiro “aos borbotões”. Este lhe deu de presente um milhão de dólares para que o sogro refizesse sua vida com a nova esposa que, aliás,  já era sua amante antes de sua esposa falecer.


Talento! Cultive-o. Não deixe que o inclemente tempo o dissolva junto com as brumas do tempo que se esvai. Não deixe que suas páginas voem soltas por aí. Vire-as na certeza de que se Deus lhe deu algo com que sobreviver é para ser usado. Deus abençoe o talento!

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