DEUS
ABENÇOE O TALENTO
No livro 1929, de Ivan
Sant’Anna, temos uma leitura em linguagem acessível que dá para entender toda a
tragédia que se abateu sobre o povo americano nesse ano marcado pela grande e
grave queda da bolsa de Nova York. Das histórias com trajetórias que prende o
leitor do princípio até o fim, mesmo para quem não entende muito de finanças
como eu, colhi uma entre tantas que, de tão proveitosas para reflexão, nos
ensina o que é a vida.
Bem, assim vamos tirar
o exemplo de Israel Baline, que adotou o nome de Irving Berlin, o qual, segundo
Sant’Anna, chegou ao Estados Unidos com cinco anos fazendo parte de uma família
de judeus russos composta por marido, mulher e seis filhos. Aos sete anos
vendia jornais nas ruas e aprendeu inglês em uma escola pública. Quando o pai veio a falecer, por conta de uma
bronquite, Irving abandonou a família e a escola e foi morar nas ruas e
albergues públicos. Começou sua vida artística cantando em bares de Nova York
onde a família se instalara. Ao progredir na carreira, de um contrato de vinte
e cinco dólares semanais veio a ganhar fortunas e mais fortunas com suas
canções. Mesmo assim não conseguiu alcançar a aprovação de seu sogro quando em
seu segundo casamento, catorze anos após
ficar viúvo, desposou a filha do magnata dos telégrafos, Clarence Mackay. Este
o desaprovava por considerá-lo de categoria inferior; ser judeu; ser artista e ainda por cima ser dezessete
anos mais velho que a noiva. Clarence, o preconceituoso pai, não compareceu à
cerimônia. Também não foi conhecer a primeira neta que nasceu em 1926. Muito
menos o neto que nasceu em 1928 e morreu com 25 dias na noite de natal. Nem ao
enterro ele compareceu mesmo sendo católico praticante.
Veio a grande
depressão. Mackay, vencido pela pressão de ver seus amigos investindo fortunas
na bolsa também resolveu entrar de cabeça vendendo seu controle acionário na
empresa por 300 milhões de dólares. Viu-se, no final daquele desastre
financeiro, morando na casa da entrada
de sua mansão que era destinada ao porteiro nos dias de glória porque ninguém
queria comprá-la e ele não tinha dinheiro para mantê-la. Ele chegou a ter 134
empregados. A casa principal foi toda saqueada.
No final dessa história
Irving Berling, o genro desprezado, também perdera tudo e ficou tão pobre como
no começo de sua vida no início da carreira. Todavia o talento o salvou. Ele
continuou recebendo direitos autorais de suas canções novas e antigas e por
meio desse dom ele refez toda sua fortuna. Ora, tempo não lhe faltou para isso
porque ele viveu 101 anos. Quanto ao sogro, quando este ficou viúvo, ao
casar-se novamente, convidou o genro que então ganhava dinheiro “aos
borbotões”. Este lhe deu de presente um milhão de dólares para que o sogro refizesse
sua vida com a nova esposa que, aliás, já era sua amante antes de sua esposa falecer.
Talento! Cultive-o. Não
deixe que o inclemente tempo o dissolva junto com as brumas do tempo que se
esvai. Não deixe que suas páginas voem soltas por aí. Vire-as na certeza de que
se Deus lhe deu algo com que sobreviver é para ser usado. Deus abençoe o
talento!
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