segunda-feira, 20 de julho de 2015

“NINGUÉM ME CONVIDOU PARA DANÇAR”

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes.” 1 Coríntios 1:27.
Foi com muita emoção que participei pela primeira vez de um encontro de pesquisadores em Ciência da Informação e, no momento em que escrevi este texto, eu estava sentada no saguão de um hotel em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina. Pelo teor das palavras, vocês já poderão perceber que finalmente, após quatro tentativas, eu consegui entrar em um curso de mestrado. Era o ano de 2013, ano em que, no dia 19 de agosto, saiu o resultado. Agora eu estava no mês de outubro do mesmo ano e aguardava a apresentação dos trabalhos da tarde desse evento, enquanto acompanhava a movimentação observando os, não poucos colegas, passarem por mim num vai e vem frenético. Os que me conheciam, mesmo de vista, me cumprimentavam respeitosamente. Foi muita luta para conseguir entrar em um programa de mestrado e poder participar de um evento como este. Com alguns, eu trocava algumas palavras sempre de cunho profissional. Ali, naquele instante, parei, e meditei ainda mais profundamente no Senhor. Mordia os lábios para disfarçar meu contentamento, senão iria gargalhar sozinha e ninguém iria entender o porquê.

Na verdade, naquele dia e hora, eu estava voltando meus pensamentos para os anos da minha juventude. Parece que foi outro dia, mas foi exatamente em 1975. A família foi convidada para um baile de formatura e eu fui toda radiante em meu primeiro vestido de baile. Um vestido longo, feito com muito bom gosto, em tecido e modelo escolhido por minha tia. O baile foi no Clube Português da Bahia. Na época um reduto da burguesia soteropolitana. Lá estavam alguns rapazes e moças da mesma rua em que eu morava. Todos me ignoraram. Só a frase de um poema de Adília Lopes poderia explicar tudo o que senti naquele dia. Ninguém me convidou para dançar. Minha tia e seu filho, Ananias, segundo costume da época, haviam me colocado estrategicamente na ponta da mesa retangular que fora reservada para a família no intuito de que eu ficasse em um ponto acessível. Assim, se alguém tivesse a intenção de dançar comigo eu não precisaria sair atropelando todo mundo até chegar ao meu parceiro de dança, caso eu recebesse um convite. Mas o convite não veio...


Ingenuamente, ainda fui até ao camarote do andar superior supondo que talvez por eu estar em traje de gala e em uma mesa distante eles não haviam me reconhecido. Que nada. Aqueles olhares indiferentes feriram-me como uma lâmina. Voltei para meu assento, completamente desolada. Mas, graças a Deus, hoje tudo mudou. Estou com Jesus e já não preciso mais de convites desse tipo para me sentir gente. Ainda mais que, no meio religioso em que transito, recebo todo o afeto e carinho de que necessito. E até no meio profissional tenho conquistado respeito e boas amizades. Sei que não agrado a todos. Que fazer? Quem conseguiu essa façanha? De uma coisa estou certa, o Senhor colocou a sua mão maravilhosa sobre mim desde aquele tempo e hoje sou feliz como nunca fui. Também digo, com toda sinceridade, que até agradeço o dia em que ninguém me convidou para dançar! Serviu de motivação para que eu fosse à luta. Barry C. Black, nos diz em seu livro Sonho Impossível que “a vitória e a derrota são impostoras”. Concordo plenamente com ele. “[...] Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido” (I Pedro 5:5 e 6). Essa é a melhor forma de conseguir virar páginas!

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