“NINGUÉM ME
CONVIDOU PARA DANÇAR”
“Mas Deus
escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu
as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes.” 1 Coríntios 1:27.
Foi com muita emoção
que participei pela primeira vez de um encontro de pesquisadores em Ciência da
Informação e, no momento em que escrevi este texto, eu estava sentada no saguão
de um hotel em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina. Pelo teor
das palavras, vocês já poderão perceber que finalmente, após quatro tentativas,
eu consegui entrar em um curso de mestrado. Era o ano de 2013, ano em que, no
dia 19 de agosto, saiu o resultado. Agora eu estava no mês de outubro do mesmo
ano e aguardava a apresentação dos trabalhos da tarde desse evento, enquanto acompanhava
a movimentação observando os, não poucos colegas, passarem por mim num vai e
vem frenético. Os que me conheciam, mesmo de vista, me cumprimentavam
respeitosamente. Foi muita luta para conseguir entrar em um programa de
mestrado e poder participar de um evento como este. Com alguns, eu trocava
algumas palavras sempre de cunho profissional. Ali, naquele instante, parei, e
meditei ainda mais profundamente no Senhor. Mordia os lábios para disfarçar meu
contentamento, senão iria gargalhar sozinha e ninguém iria entender o porquê.
Na verdade, naquele dia
e hora, eu estava voltando meus pensamentos para os anos da minha juventude.
Parece que foi outro dia, mas foi exatamente em 1975. A família foi convidada
para um baile de formatura e eu fui toda radiante em meu primeiro vestido de
baile. Um vestido longo, feito com muito bom gosto, em tecido e modelo
escolhido por minha tia. O baile foi no Clube Português da Bahia. Na época um
reduto da burguesia soteropolitana. Lá estavam alguns rapazes e moças da mesma
rua em que eu morava. Todos me ignoraram. Só a frase de um poema de Adília
Lopes poderia explicar tudo o que senti naquele dia. Ninguém me convidou para dançar.
Minha tia e seu filho, Ananias, segundo costume da época, haviam me colocado
estrategicamente na ponta da mesa retangular que fora reservada para a família no
intuito de que eu ficasse em um ponto acessível. Assim, se alguém tivesse a
intenção de dançar comigo eu não precisaria sair atropelando todo mundo até
chegar ao meu parceiro de dança, caso eu recebesse um convite. Mas o convite
não veio...
Ingenuamente, ainda fui
até ao camarote do andar superior supondo que talvez por eu estar em traje de
gala e em uma mesa distante eles não haviam me reconhecido. Que nada. Aqueles
olhares indiferentes feriram-me como uma lâmina. Voltei para meu assento,
completamente desolada. Mas, graças a Deus, hoje tudo mudou. Estou com Jesus e
já não preciso mais de convites desse tipo para me sentir gente. Ainda mais
que, no meio religioso em que transito, recebo todo o afeto e carinho de que
necessito. E até no meio profissional tenho conquistado respeito e boas
amizades. Sei que não agrado a todos. Que fazer? Quem conseguiu essa façanha?
De uma coisa estou certa, o Senhor colocou a sua mão maravilhosa sobre mim desde
aquele tempo e hoje sou feliz como nunca fui. Também digo, com toda
sinceridade, que até agradeço o dia em que ninguém me convidou para dançar!
Serviu de motivação para que eu fosse à luta. Barry C. Black, nos diz em seu
livro Sonho Impossível que “a vitória
e a derrota são impostoras”. Concordo plenamente com ele. “[...] Deus se opõe
aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, humilhem-se debaixo
da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido” (I Pedro 5:5 e
6). Essa é a melhor forma de conseguir virar páginas!
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