terça-feira, 7 de julho de 2015

O CAVALO E O PORCO

Em início de instituições, como todo trabalho de pioneirismo, tudo é mais difícil. Eu tive até que comprar uma máquina de escrever para ter o que fazer. Assim eu ia adiantando o serviço de catalogação das poucas obras que havíamos recebido de Salvador. Relativo a essa época eu escrevi um texto em 2010 onde eu medito acerca de uma antiga parábola, a qual achei muito interessante transcrevê-la, pois nos leva a pensar profundamente sobre certos comportamentos que temos ao longo da vida:
Conta a estória que um fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada raça cujo vizinho tinha um exemplar. Ele implorou, implorou, até que conseguiu comprar-lhe a raridade.  Só que um mês depois o tal cavalo adoeceu. Chamaram o veterinário e este atestou que o animal tinha uma enfermidade e, que uma vez tomado o remédio indicado por ele, não havendo melhora em três dias seria necessário sacrificá-lo. Deram o medicamento e saíram. O porco, que escutava a conversa, aproximou-se do cavalo e disse:
__Vamos lá amigão, levanta ou então você vai morrer! Vamos lá! Eu te ajudo a levantar... Upa! __ Veio o segundo dia e repetiu-se a experiência do dia anterior. O porco animava e o cavalo tentava resistir. No entanto, no terceiro dia após a última dose, e sem resultado satisfatório, disse o veterinário: “Infelizmente, teremos que sacrificá-lo antes que este animal contamine os outros cavalos”. Quando foram embora o porco aproximou-se do cavalo e disse:                                                      
__ Vamos amigo! É agora ou nunca! Levante logo! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar, ótimo! Eu te ajudo a levantar! Vai! Fantástico! Corre! Corre mais! Upa, upa ,upa! __ De repente, o cavalo começou a reagir e recebeu o elogio do porco:                    
__  Você venceu campeão! _ Justo nesse momento o dono do cavalo chegou e, ao ver o cavalo correndo pelo campo, gritou: “Milagre, o cavalo está curado! Isso merece uma festa, então, vamos matar o porco!”
Foi mais ou menos assim o que aconteceu comigo logo quando cheguei a Barreiras. Como nos primeiros meses eu não tinha muito que fazer, surgiu-me a ideia de editar um boletim que foi bem aceito. Batizei-o de Hiperboletim. Nada pretensioso, apenas com notícias internas de nosso meio e entretenimentos saudáveis. Não havia pessoal técnico da área para me auxiliar. Então eu mesma preparava um editorial simples acerca dos acontecimentos políticos cotidianos e fazia a arrumação das matérias imitando os modelos de outras publicações. Todavia, apesar de elogiada pelo conteúdo a publicação deixava a desejar na diagramação. Algum tempo depois chegou um profissional da área e começou a questionar o leiaute, no que dei graças a Deus. Passei-lhe a tarefa e tratei de dar continuidade ao verdadeiro motivo de minha presença naquela instituição. Como aquilo não fazia parte da minha atribuição não saí ferida.  Mesmo assim, sempre que me lembro desse episódio não tenho como não pensar nos profissionais que já passaram, ou passam, por situações idênticas e que, ao contrário do que aconteceu comigo, não tem outros expoentes para direcionar seus talentos. Pessoas que dedicam uma boa parcela de sua vida a um determinado projeto, mas, que na hora de colher os frutos de sua conclusão, aparece-lhe alguém e, simplesmente, arranca-lhes os sonhos pelo simples fato de achar-se mais capaz. E então matam o “porco”! Sim, por que quantos não saem tão feridos de conflitos dessa natureza que terminam por sucumbir diante de doenças relacionadas com a terrível experiência!

Que ninguém pense em virar páginas agindo dessa maneira, por achar que não vai dá em nada, porque o retorno sempre o espreitará em alguma esquina da virada de página da vida de outro alguém.

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