O
CAVALO E O PORCO
Em início de
instituições, como todo trabalho de pioneirismo, tudo é mais difícil. Eu tive
até que comprar uma máquina de escrever para ter o que fazer. Assim eu ia
adiantando o serviço de catalogação das poucas obras que havíamos recebido de
Salvador. Relativo a essa época eu escrevi um texto em 2010 onde eu medito
acerca de uma antiga parábola, a qual achei muito interessante transcrevê-la,
pois nos leva a pensar profundamente sobre certos comportamentos que temos ao
longo da vida:
Conta a estória que um
fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada raça cujo vizinho
tinha um exemplar. Ele implorou, implorou, até que conseguiu comprar-lhe a
raridade. Só que um mês depois o tal
cavalo adoeceu. Chamaram o veterinário e este atestou que o animal tinha uma
enfermidade e, que uma vez tomado o remédio indicado por ele, não havendo
melhora em três dias seria necessário sacrificá-lo. Deram o medicamento e
saíram. O porco, que escutava a conversa, aproximou-se do cavalo e disse:
__Vamos lá amigão,
levanta ou então você vai morrer! Vamos lá! Eu te ajudo a levantar... Upa! __
Veio o segundo dia e repetiu-se a experiência do dia anterior. O porco animava
e o cavalo tentava resistir. No entanto, no terceiro dia após a última dose, e
sem resultado satisfatório, disse o veterinário: “Infelizmente, teremos que
sacrificá-lo antes que este animal contamine os outros cavalos”. Quando foram
embora o porco aproximou-se do cavalo e disse:
__ Vamos amigo! É agora
ou nunca! Levante logo! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar, ótimo! Eu te ajudo a
levantar! Vai! Fantástico! Corre! Corre mais! Upa, upa ,upa! __ De repente, o
cavalo começou a reagir e recebeu o elogio do porco:
__ Você venceu campeão! _ Justo nesse momento o
dono do cavalo chegou e, ao ver o cavalo correndo pelo campo, gritou: “Milagre, o cavalo está curado! Isso merece uma
festa, então, vamos matar o porco!”
Foi mais ou menos assim
o que aconteceu comigo logo quando cheguei a Barreiras. Como nos primeiros
meses eu não tinha muito que fazer, surgiu-me a ideia de editar um boletim que
foi bem aceito. Batizei-o de Hiperboletim.
Nada pretensioso, apenas com notícias internas de nosso meio e entretenimentos
saudáveis. Não havia pessoal técnico da área para me auxiliar. Então eu mesma
preparava um editorial simples acerca dos acontecimentos políticos cotidianos e
fazia a arrumação das matérias imitando os modelos de outras publicações.
Todavia, apesar de elogiada pelo conteúdo a publicação deixava a desejar na
diagramação. Algum tempo depois chegou um profissional da área e começou a
questionar o leiaute, no que dei graças a Deus. Passei-lhe a tarefa e tratei de
dar continuidade ao verdadeiro motivo de minha presença naquela instituição. Como
aquilo não fazia parte da minha atribuição não saí ferida. Mesmo assim, sempre que me lembro desse
episódio não tenho como não pensar nos profissionais que já passaram, ou
passam, por situações idênticas e que, ao contrário do que aconteceu comigo,
não tem outros expoentes para direcionar seus talentos. Pessoas que dedicam uma
boa parcela de sua vida a um determinado projeto, mas, que na hora de colher os
frutos de sua conclusão, aparece-lhe alguém e, simplesmente, arranca-lhes os
sonhos pelo simples fato de achar-se mais capaz. E então matam o “porco”! Sim, por
que quantos não saem tão feridos de conflitos dessa natureza que terminam por
sucumbir diante de doenças relacionadas com a terrível experiência!
Que ninguém pense em
virar páginas agindo dessa maneira, por achar que não vai dá em nada, porque o
retorno sempre o espreitará em alguma esquina da virada de página da vida de outro
alguém.
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