segunda-feira, 6 de julho de 2015

POR QUE TEMER AS MUDANÇAS?
Não houve muito tempo para os preparativos de mudança para a cidade de Barreiras. Faltando um mês para assumir o emprego entrei com o aviso prévio no CAS. Agradeci ao Pastor Demóstenes Neves, carinhosamente conhecido como Tito. Senti não poder ter agradecido pessoalmente ao saudoso pastor Gustavo Pires e pastor Severiano Pimentel. Esses dois me ajudaram muito quando voltei de Ibicaraí. Cheguei sem nenhum eletrodoméstico e eletroeletrônico por causa daquele episódio, já relatado, onde perdi tudo em um arrombamento no final de 1988. Pastor Gustavo Pires, apesar da fama de “durão” e inflexível, ajudou-me emprestando-me o suficiente para a compra de uma geladeira que fui pagando aos poucos. Fizeram muito por mim. Nunca vou esquecer. Saí do CAS com um sentimento de gratidão imenso. Mas a página pedia e clamava para ser virada e então, lá se fui para ver como Deus iria mexer naquele tabuleiro de xadrez que é a nossa vida.
Cheguei a Barreiras no dia 7 de setembro de 1994. Paulo foi comigo e voltou logo no dia seguinte por causa das crianças. Não pode ficar para a posse. Eu já havia entrado em contato com a irmã Maria da Paz e seu esposo Luiz. Esse casal foi aquele mesmo que me recebeu na época da prova e que tinham já tinham colocado sua casa à minha disposição caso eu passasse no concurso.  Aceitei até organizar moradia.  Tomei posse no dia 9 de setembro. Como não haviam programado nada de especial ficou um vácuo na programação. Sentindo que o diretor precisava de auxílio para preenchê-lo não desperdicei a oportunidade de agradecer a Deus em público quando Arleno franqueou a palavra aos presentes.
Além de recitar o Salmo 23,  também fiz menção em  Eclesiastes 3: 1-8. Afinal, como sabiamente observou Salomão: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”. Além do mais, todos aqueles versículos rodeavam meus pensamentos como se fosse a própria gênese da minha vida: “Tempo de nascer; de plantar; de chorar; de rir; de prantear de tristeza; de pular de alegria; de amar; de aborrecer;  de espalhar pedras; de ajuntar pedras... Tempo de guerra, tempo de paz”.                                     
Bem, a tão sonhada paz, para mim, só viria quando meus filhos chegassem ao final do ano, quando eu poderia  tê-los ao meu lado novamente. Fiquei mais quinze dias com aquela família até que encontrei uma casa para alugar dentro de meu orçamento. Não podia começar minha vida em uma cidade estranha me lançando em um nível alto de gastos só porque iria assumir um emprego federal.  A rotina de meus filhos ainda em Salvador  eu acompanhava por telefone. Madalena, uma grande amiga, membro de nossa igreja, ajudava-me tomando conta deles durante a semana.  Por outro lado, também contei com a compreensão dos meus diretores que nunca colocaram dificuldades para me liberar toda vez que eu precisava vê-los. Eu compensava na volta. Por várias vezes compensei até antes. Tempo era o que não me faltava...

Bem, naquela virada de página, talvez a mais significante de toda minha vida, aprendi que não devemos temer as mudanças. Digo isto porque vi muitos dos meus colegas abandonarem o emprego tão arduamente sonhado por não ter conseguido se adaptar às mudanças inevitáveis para aqueles que haviam saído de terras distantes, em sua maioria,  para trabalhar longe de suas famílias e de seus amigos. Quando me interrogavam sobre minha rápida adaptação eu sempre dizia o que penso até hoje. Que as mudanças são boas, desde que não nos leve a abrir mão daquilo que o Senhor estabeleceu desde o início como ponto de salvação para seu povo. Também, para quem acompanha essa trajetória desde a primeira página, mudanças são o que não faltaram em meu caminho.  E assim, de mudança em mudança, fui virando mais aquela página.

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