POR
QUE TEMER AS MUDANÇAS?
Não houve muito tempo
para os preparativos de mudança para a cidade de Barreiras. Faltando um mês
para assumir o emprego entrei com o aviso prévio no CAS. Agradeci ao Pastor
Demóstenes Neves, carinhosamente conhecido como Tito. Senti não poder ter
agradecido pessoalmente ao saudoso pastor Gustavo Pires e pastor Severiano
Pimentel. Esses dois me ajudaram muito quando voltei de Ibicaraí. Cheguei sem nenhum
eletrodoméstico e eletroeletrônico por causa daquele episódio, já relatado,
onde perdi tudo em um arrombamento no final de 1988. Pastor Gustavo Pires,
apesar da fama de “durão” e inflexível, ajudou-me emprestando-me o suficiente
para a compra de uma geladeira que fui pagando aos poucos. Fizeram muito por
mim. Nunca vou esquecer. Saí do CAS com um sentimento de gratidão imenso. Mas a
página pedia e clamava para ser virada e então, lá se fui para ver como Deus
iria mexer naquele tabuleiro de xadrez que é a nossa vida.
Cheguei a Barreiras no
dia 7 de setembro de 1994. Paulo foi comigo e voltou logo no dia seguinte por
causa das crianças. Não pode ficar para a posse. Eu já havia entrado em contato
com a irmã Maria da Paz e seu esposo Luiz. Esse casal foi aquele mesmo que me
recebeu na época da prova e que tinham já tinham colocado sua casa à minha
disposição caso eu passasse no concurso. Aceitei até organizar moradia. Tomei posse no dia 9 de setembro. Como não
haviam programado nada de especial ficou um vácuo na programação. Sentindo que
o diretor precisava de auxílio para preenchê-lo não desperdicei a oportunidade
de agradecer a Deus em público quando Arleno franqueou a palavra aos presentes.
Além de recitar o Salmo
23, também fiz menção em Eclesiastes 3: 1-8. Afinal, como sabiamente
observou Salomão: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo
propósito debaixo do céu”. Além do mais, todos aqueles versículos rodeavam meus
pensamentos como se fosse a própria gênese da minha vida: “Tempo de nascer; de
plantar; de chorar; de rir; de prantear de tristeza; de pular de alegria; de
amar; de aborrecer; de espalhar pedras;
de ajuntar pedras... Tempo de guerra, tempo de paz”.
Bem, a tão sonhada paz,
para mim, só viria quando meus filhos chegassem ao final do ano, quando eu
poderia tê-los ao meu lado novamente.
Fiquei mais quinze dias com aquela família até que encontrei uma casa para
alugar dentro de meu orçamento. Não podia começar minha vida em uma cidade
estranha me lançando em um nível alto de gastos só porque iria assumir um
emprego federal. A rotina de meus filhos
ainda em Salvador eu acompanhava por
telefone. Madalena, uma grande amiga, membro de nossa igreja, ajudava-me tomando
conta deles durante a semana. Por outro
lado, também contei com a compreensão dos meus diretores que nunca colocaram
dificuldades para me liberar toda vez que eu precisava vê-los. Eu compensava na
volta. Por várias vezes compensei até antes. Tempo era o que não me faltava...
Bem, naquela virada de
página, talvez a mais significante de toda minha vida, aprendi que não devemos
temer as mudanças. Digo isto porque vi muitos dos meus colegas abandonarem o
emprego tão arduamente sonhado por não ter conseguido se adaptar às mudanças
inevitáveis para aqueles que haviam saído de terras distantes, em sua maioria, para trabalhar longe de suas famílias e de
seus amigos. Quando me interrogavam sobre minha rápida adaptação eu sempre
dizia o que penso até hoje. Que as mudanças são boas, desde que não nos leve a
abrir mão daquilo que o Senhor estabeleceu desde o início como ponto de
salvação para seu povo. Também, para quem acompanha essa trajetória desde a
primeira página, mudanças são o que não faltaram em meu caminho. E assim, de mudança em mudança, fui virando
mais aquela página.
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