terça-feira, 21 de julho de 2015

O QUE TEMOS PARA HOJE

O espelho não perdoa. O tempo passou.  Mas, de que adianta ficar contabilizando perdas e ganhos?  Essa matemática nostálgica nãos nos leva a nada. Tive que aprender a viver o hoje com a madura certeza de que o tempo, outrora tão cadenciado, agora corre numa celeridade espantosa. Por isso não pude me dar ao luxo de fazer mestrado pensando demais. Pensar demais na minha idade nem sempre ajuda. Na verdade, às vezes só atrapalha. É corrente a resposta de alguns entrevistados que ao chegar em  uma idade madura desejam ter mais arrependimento daquilo que fez do que não realizou. Faço coro a esta resposta. Encontrei outro dia uma contemporânea da faculdade que demorou-se em me reconhecer e declarou impiedosamente: “Ah, é você?! Nossa, o tempo passou”. Não quis lembra-lhe que o tempo passou para nós duas...

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Ontem me esqueci de contar que quando fui entrevistada na banca, uma das entrevistadoras jogou água fria em minha panela fumegante alegando que eu tinha muitas atividades e alinhavou seu raciocínio me perguntando onde eu iria arranjar tempo para fazer mestrado. É que eu estava no fim de um mandato de Conselheira do Conselho Superior do órgão onde sirvo, era bibliotecária onde sou lotada e ainda dava aulas de Formação Política em um programa temporário do governo.  Expliquei-lhe que as atividades de trabalho eram em turnos opostos sendo, que, as aulas eram só dois dias na semana com um contrato de apenas dois meses. Quanto às reuniões do Conselho, esclareci que aconteciam em datas programadas nas quais eu estaria dispensada da jornada. No mais também deixei bem claro que o mandato estava terminando e que eu não pretendia me recandidatar.
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Confesso que o que mais me deixou com medo de não ser aceita foi o fator idade. Sempre ouvi alguns comentários de que não existe muito interesse dos programas de pós-graduação em aceitar pesquisadores neófitos em uma idade em que poderia me aposentar. Mas se ela tocasse no assunto eu já estava com a resposta pronta. Eu lhe diria, de forma hilária  para descontrair, claro, que eu não conseguia me ver, antes da hora,  “sentada no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.”  Mas ela não perguntou. Dessa vez não me interpelaram a respeito do famigerado “distanciamento do objeto”. Meu tema foi sobre informação eleitoral  e, ao final, foi confirmado aquilo que está em Jeremias 32:27. Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne; acaso há alguma coisa demasiado difícil para mim?”Sei que existem muitos que não acreditam. Enquanto isso, para os que acreditam,  resta-nos, independente da idade, situação financeira ou o que nos mostra o espelho, nos contentarmos em realizar nossos sonhos e metas...  com o que temos para hoje. Porque o amanhã será outro dia que teremos para virar outras páginas e não vai ser qualquer espelhinho malcriado que vai nos derrubar.

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