O BERÇO VAZIO
Em 20 de fevereiro de 1980 nasceu nosso meu
primeiro filho. Demos o mesmo nome do pai. Deixar a maternidade sem meu filho
nos braços não estava nos meus planos. Nem está nos planos de nenhuma mãe. Foi
horrível. Dormi a primeira pior noite de minha vida. Ao acordar ele não estava
no berço que eu tão ansiosamente preparara para ele. Tivera que passar alguns
dias a mais na maternidade. Nascera com icterícia.
Dois anos e oito meses mais
tarde, voltar do hospital sem meu filho fez-me passar a segunda pior noite de
minha vida. Seria uma simples cirurgia de fimose, mas um choque anafilático
provocado pela anestesia geral, antecipou-lhe o sono mortal. Minha irmã, a que
nascera depois de mim, à época já estudava medicina e estava comigo naquela hora
difícil. Ninguém está preparado para assistir a morte de um filho. Ninguém se
prepara para a morte de um filho. Mas Deus, em sua infinita sabedoria, se
preparou para um dia como esse. Naquele dia, no Monte do Calvário, Ele cumpriu
o que prometera desde a fundação do mundo. Entregou seu único Filho para salvar
a humanidade. Uma humanidade perversa que não merecia tamanho sacrifício.
Naquele dia, no Monte do Calvário, o Senhor arriscou passar pela mesma dor que
eu passaria um dia. Jesus também passou pela dor da morte. Conheceu de perto e
na própria carne aquela que é considerada o nosso “último inimigo a ser
derrotado” (I Coríntios 15:26). E esta é a nossa grande esperança: “Sabendo que
o que ressuscitou no Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus” (II
Coríntios 4:14). Por isso não devemos entrar em pânico e ficarmos aquartelados,
isolando-nos do mundo por medo dos acontecimentos. Tanto os que nos advém,
quanto os que são evidenciados nos
noticiários. Tampouco negarmos ao nosso ser a faculdade de decidir pela
continuação de nossas vidas.
E foi assim que eu tomei meu “cajado” e parti para
dar prosseguimento à continuidade da minha família que, naquele instante,
estava composta por meu esposo, minha pequena Larissa, então com um ano e
quatro meses, e eu. Mas, para meu consolo, se um berço estava vazio em minha
casa, a cruz do Calvário também estava...
Como diz o apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses
3:14 : “[...] uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que para trás
ficam e avançando para as que o adiante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
E foi pensando dessa forma, que
eu ergui a cabeça e virei mais uma página. E que página!
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