segunda-feira, 15 de junho de 2015

O BERÇO VAZIO

Em 20 de fevereiro de 1980 nasceu nosso meu primeiro filho. Demos o mesmo nome do pai. Deixar a maternidade sem meu filho nos braços não estava nos meus planos. Nem está nos planos de nenhuma mãe. Foi horrível. Dormi a primeira pior noite de minha vida. Ao acordar ele não estava no berço que eu tão ansiosamente preparara para ele. Tivera que passar alguns dias a mais na maternidade. Nascera com icterícia.        

Dois anos e oito meses mais tarde, voltar do hospital sem meu filho fez-me passar a segunda pior noite de minha vida. Seria uma simples cirurgia de fimose, mas um choque anafilático provocado pela anestesia geral, antecipou-lhe o sono mortal. Minha irmã, a que nascera depois de mim, à época já estudava medicina e estava comigo naquela hora difícil. Ninguém está preparado para assistir a morte de um filho. Ninguém se prepara para a morte de um filho. Mas Deus, em sua infinita sabedoria, se preparou para um dia como esse. Naquele dia, no Monte do Calvário, Ele cumpriu o que prometera desde a fundação do mundo. Entregou seu único Filho para salvar a humanidade. Uma humanidade perversa que não merecia tamanho sacrifício. Naquele dia, no Monte do Calvário, o Senhor arriscou passar pela mesma dor que eu passaria um dia. Jesus também passou pela dor da morte. Conheceu de perto e na própria carne aquela que é considerada o nosso “último inimigo a ser derrotado” (I Coríntios 15:26). E esta é a nossa grande esperança: “Sabendo que o que ressuscitou no Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus” (II Coríntios 4:14). Por isso não devemos entrar em pânico e ficarmos aquartelados, isolando-nos do mundo por medo dos acontecimentos. Tanto os que nos advém, quanto  os que são evidenciados nos noticiários. Tampouco negarmos ao nosso ser a faculdade de decidir pela continuação de nossas vidas.             

E foi assim que eu tomei meu “cajado” e parti para dar prosseguimento à continuidade da minha família que, naquele instante, estava composta por meu esposo, minha pequena Larissa, então com um ano e quatro meses, e eu. Mas, para meu consolo, se um berço estava vazio em minha casa, a cruz do Calvário também estava...

Como diz o apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses 3:14 : “[...] uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que o adiante de mim estão,  prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”

E foi pensando dessa forma, que eu ergui a cabeça e virei mais uma página. E que página!

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