terça-feira, 30 de junho de 2015

O Grande Poeta e sua Poesia

Falei que Deus foi o Grande Poeta nos anos em que estive em Sussuarana Velha e atuei profissionalmente no CAS. Meus filhos estudaram piano, teclado, violão. Isso foi poesia. Continuei investindo em cursos de inglês para minha filha. Como eu não podia pagar para os três pensava em um mercado de trabalho em que as mulheres sempre têm menos oportunidades e, por isso, quis ampliar seu universo pagando o curso só para ela. Coisas de mãe que se (pré) ocupa com o futuro dos filhos. Os homens da família não entenderam essa minha visão e de vez em quando ouço indiretas. Mas não ligo. Estou em paz com os objetivos das minhas intenções. E se eu tivesse que fazer essa opção novamente, faria tudo igualzinho outra vez, se preciso.                                    

Não poderia fechar o ciclo desses anos sem contar sobre a poesia que foi escrita por trás dos muros da Penitenciária Lemos de Brito. Lá desenvolvemos um ministério que deixou muitos frutos dos quais nos orgulhamos muito e, como a Bíblia diz que se alguém deve se orgulhar de alguma coisa é de manejar a palavra, lá, foi o que mais fizemos. Era pura poesia quando, ao chegarmos aos sábados, encontrávamos o local de culto preparado e os internos nos aguardando com um respeito que aqui fora jamais alguém pensou em existir. Havia o ciúme das visitas. Um não podia “alugar” visita do outro e assim tínhamos que ter critérios antes de aceitar convite para visitar alguma cela. Levei meus filhos algumas vezes para que eles entendessem a realidade da vida e eles eram recebidos com muito carinho. Meu esposo não gostava mais foi aceitando. Chegou até a ir uma vez, porém não retornou mais.

 Por esse tempo minha mãe, por intermédio de irmãs que participavam do mesmo ministério, veio a conhecer seu futuro esposo. Uma vez casada mudou-se para um município da região metropolitana de Salvador. Isso foi, sem dúvida, poesia. Já minha irmã caçula teve um menino de um relacionamento que não avançou para nenhum tipo de compromisso, mas que ao menos, para ela, deve ter tido lá sua poesia...

No mais dessa fase ficou o marco do dia em que dois detentos foram liberados para serem batizados. O saudoso pastor Arandi Nabuco fez a cerimônia de batismo que foi muito linda. Depois servimos um almoço e tudo foi perfeito. Os agentes penitenciários fizeram seu papel de forma discreta sem causar nenhum tipo de constrangimento aos presentes. Foi na Igreja Adventista de Plakaford. No retorno um deles avistou o mar pela primeira vez em sua vida e exclamou: “Olha o mar, interessante, ele não é azul, é verde.”  Aquele jovem envolvera-se com más companhias para tentar roubar a empresa do próprio pai deixando o saldo de um funcionário morto. Depois que cumpriu a pena ele tornou-se um homem de bem e continuou na igreja. Isto sim é poesia da vida. Isso, sim, é virar a página.

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